sábado, 30 de dezembro de 2006

Passagem de ano

Ao contrário da véspera de Natal, o dia 31 não me encanta assim por demais.
Ainda assim, é tempo de balanços. É tempo de pensar no 2006 que passou e no 2007 que aí vem.

2006 Foi um ano de boa colheita. Foi um ano recheado de transformações, de aprendizagem, de alegrias e de algumas nódoas negras. Desde o longinquo 2002 que não tinha um ano assim, que me completasse que me fizesse pensar "Epá, este foi um ano porreiro!!!". Por isso espero que o próximo seja igualmente bom.

A passagem para 2007 será naquele lugar à beira mar plantado que é um pedaço de paraíso: Sesimbra. Tranquilamente e em boa companhia, com o copo de champanhe numa mão e os doze desejos em forma de passa de uva na outra. Às 12 badaladas eles sairão do pensamento e levam com eles a esperança de que tudo assim seja.

Desejos de uma passagem de ano feliz e de uma entrada brilhante em 2007.

Ver para além de

"Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo um mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela"

Ricardo Reis

Em ponto pequeno...



"- Que quer dizer "cativar"? – perguntou o Principezinho
(...)
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..." – disse a Raposa
- Criar laços?
- Exactamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um menino inteiramente igual a cem mil outros meninos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

- Começo a compreender, disse o principezinho
(....)
- Por favor... cativa-me! - pediu a Raposa.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Primeiro tu vais sentar-te um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu vou olhar-te pelo canto do olho e tu não vais dizer nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, vais sentar-te mais perto...

No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso rituais.

- Que é um ritual? perguntou o principezinho.

- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas.(...)

Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria fazer-te mal; mas tu pediste para eu te cativar...
- Pois pedi, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não ganhaste nada com isso!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Quando vieres ter comigo, dou-te um presente de despedida: conto-te um segredo
O principezinho rever as rosas:
(...)
Vocês são bonitas, mas vazias. Não se pode morrer por vocês. Claro que, para um transeunde qualquer, a minha rosa é igual a vocês. Mas, sozinha, é muito mais importante do que vocês todas juntas, porque foi a ela que eu reguei. Porque foi ela que eu reguei. Porque foi ela que eu pus debaixo de uma redoma. Porque foi ela que eu abriguei com um biombo. Porque foi a ela que eu matei as lagartas (menos duas ou três por causa das borboletas). Porque fou ela que eu ouvi queixar-se, gabar-se a até às vezes calar-se. Porque ela é a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer”


O Principezinho, de Antoine de Saint-Exupéry

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

O Meu impossível, Reliquiae

Assim escreveu Florbela

"Minha'alma ardente é fogueira acesa,
É um brasido enorme a crepitar!
Ânsia de procurar sem encontrar
A chama onde queimar uma incerteza! (...)"

imagens e IMAGENS

Há algum tempo atrás escrevi isto:

Fotografar é seleccionar um pouco de mundo. Esse fragmento do real pode ser guardado, partilhado ou esquecido. No entanto, ao partilhar esse pedaço de mundo, está a partilhar-se uma história, um momento, que desfila ante os nossos olhos a muitos quilómetros e até a muitos anos de distância. Essa distância temporal ou espacial não diminui a força da imagem, não lhe retira expressividade nem emoção. Porque uma fotografia é isso mesmo: um momento roubado algures que fica registado para todo o sempre.

Em tempos de guerra, onde a incerteza e a esperança se cruzam, há muito horror, muita dor, muita miséria. As imagens de corpos sem vida, de casas destruídas, de carros ardidos, de gentes moribundas multiplicam-se. Tudo em prol da comunicação, tudo para que se mostre ao resto do mundo o que está a acontecer ali, tudo por uma imagem. Mas quais são os limites? O que deve ou pode ser fotografado? Qual a diferença entre o horror e o terror, entre a dor e o dilacerante, entre o estar na miséria e o estar moribundo? Que limites éticos se colocam a um fotógrafo no momento de premir o botão da sua máquina?



Depois procurei uma resposta para estas questões e encontrei isto:





Esta fotografia é de um senhor chamado Kevin Carter e ganhou o prémio Pulitzer.

A fotografia é a de uma menina sudanesa sobrada sobre si mesma, a arrastar-se na direcção de um centro de refugiados e de um abutre que olha na direcção da criança. O que sossega qualquer um ante o terrível da fotografia é a presença do fotógrafo. Que poderia ter salvo aquela criança, afastando-a da morte e do abutre. Mas a questão que nunca foi totalmente esclarecida e as hipóteses que se colocam assustam. O fotógrafo Kevin Carter deu várias versões sobre o que se teria passado depois da foto e chegou mesmo a referir numa das suas últimas entrevistas que odiava a fotografia. A versão de que ele nada tinha feito pela criança enquanto aguardava o momento perfeito para fazer a foto destroça o coração de qualquer pessoa.



Ainda que seja uma mera hipótese considerar que ele nada fez a questão que aqui se coloca é a da distinção entre as ambição profissional e o sentimento de humanidade é de salientar. Até que ponto alguém é capaz de ir por um trabalho brilhante, com a luz, enquadramento e posição perfeita dos intervenientes. Como é que se pode esperar pela situação ideal enquanto alguém está ali a morrer mesmo à frente? É aterrador pensar que alguém alguma vez o tenha conseguido. E, apesar de ser apenas uma hipótese, a verdade é que Carter nunca teve a firmeza de declarar que tinha salvo a criança. Suicidou-se algum tempo depois de ter ganho o prémio, os problemas pessoais e a sua alegada dependência das drogas foram os motivos apontados. No entanto, há quem diga que a controvérsia gerada pela imagem terá contribuido para o fim infeliz de Carter.


E só depois me deixei levar pela magia do Nachtwey. Pela sua dignidade, pelo seu sentido de humanidade. Encontrei isto (e muito muito mais...):








Poderia dar opinar sobre o que acho dele e revelar tda a minha paixão pelo seu trabalho, mas ele fez melhor. No documentário War Photographer ele próprio se define enquanto define o seu trablho, a sua obra, a sua genialidade. Ei-lo:


"Porquê fotografar a guerra?
Será possível pôr um fim a uma forma de comportamento humano que existiu ao longo de toda a história, através da fotografia?

O colocar desta questão parece ridiculo e desajustado.É precisamente essa ideia que me motiva. Para mim, a força da fotografia reside na capacidade de evocar o sentido de humanidade. Se a guerra tenta negar a humanidade, a fotografia pode conceber-se como o oposto da guerra. E, se for bem usada, constitui um poderoso antídoto contra a guerra.



De certo modo, se um individuo assume o risco de se colocar no meio de uma guerra para comunicar ao resto do mundo o que se passa, ele tenta negociar a paz. Por isso, aqueles que perpetuam a guerra não gostam de ter fotógrafos por perto.



No terreno, aquilo que se sente é extremamente imediato. O que se vê não é a imagem numa página de revista, a 16 mil quilómetros de distância, junto a um anúncio de relógios “Rolex”. O que se vê é uma dor sem paliativos, injustiça e miséria. Ocorreu-me que se todos pudéssemos estar lá, pelo menos uma vez, e ver pelos próprios olhos um fósforo branco aproximado à face de uma criança, a dor inexpressável que causa o impacto de uma só bala, como um estilhaço de morteiro arranca a perna a uma pessoa...



Se todos pudessem ver por si mesmos o medo e o pesar, uma só vez, então compreenderiam que nada justifica que as coisas cheguem ao ponto que isso aconteça a uma só pessoa, muito menos a milhares. Mas nem todos podem ir lá, e é por isso que os fotógrafos vão, para mostrar, para agarrá-los e fazer com que parem de fazer o que estão a fazer, e prestem atenção ao que está a acontecer. Para criar imagens suficientemente poderosas que ultrapassem o efeito ilusório dos media e abanem as pessoas da sua indiferença. Para protestar e, com a força desse protesto, fazer com que os outros também protestem”.

O pior é sentir que, como fotógrafo, beneficio das tragédias dos outros. Esta ideia persegue-me, é algo com que tenho de lidar todos os dias. Eu sei que se algum dia deixar que a genuina compaixão seja ultrapassada pela ambição pessoal, aí, terei vendido a minha alma. A única maneira de justificar o meu papel é ter respeito por aqueles que sofrem. A medida desse respeito, é a mesma medida dos que me aceitam, e com essa medida eu posso aceitar-me”.

O original e a originalidade







Dois momentos deliciosos entre a loucura de Dalí e a familia mais louca
O original: "A persistência da Memória"
A originalidade: A persistência do Donut's (digo eu. Não vá alguém ficar ofendido com a designação=P)

A perfeição

De todos os que já vi, este foi o mais bonito de todos eles. Quantos mais e mais belos virão não sei, mas este é demasiado bonito para ser apagado da memória.
Neste lugar, neste momento, podia chegar o fim dos dias porque a beleza é tal que para onde quer que se fosse ir-se-ia com a imagem da perfeição
Com a tonalidade única daquela África que aparece nas telas e com o Nilo como pano de fundo.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Hino aos bonecos animados de verdade


Estava eu a trabalhar (arduamente, como é óbvio) quando começou a dar o DragonBall. A minha revolta não é contra o coitado do bicho que se mexe e dobra e desdobra e diz coisas como "puro cristal" e "kaméhamé-ou-seja-lá-como-fôr-que-isto-se-escreve". Também não é por ele fazer fusões (o que diga-se de passagem é um bocado roto =P) com outros gajos e ficar com suuuuuper-poderes. Também não é por aparecem seres que se chamam Bubu e são cor-de-rosa e bolachudos. Também não é por andarem todos à pancada uns aos outros atrás das ditas bolas de cristal ou lá o que raio é aquilo
[nota importante: eu sei tudo isto ou parte porque levei injecções desta coisa num acto de puro amor de irmã. Aliás cometi mesmo a burrice de oferecer uns quantos episódios. Sim, na época os cabelos loiros ainda n existiam, mas eu já era assim =P]
Tudo isto é por ser fã incondicional deste senhor que andava sempre descalço. É saudosismo pelos desenhos animados que davam há muitos muitos anos atrás. Daqueles "bonecos" animados que só existiam antes, que davam aos domingos de manhã, que me faziam acordar bem cedinho. uhmm que saudades.....
Não há nada mais delicioso do que ver o Tom Sawyer a fazer tagarelices de putos, a corar cada vez que vê a Betty, a ser um amigo fantástico do Huck.
Nada contra os Pokémons, Floribella's e afins. Mas não há nenhum herói moderno como aquele que me fazia rir e chorar quando tinha seis anos e quando tenho 22 (sim, ainda vejo. sim, ainda me farto de tanto rir. sim, adoro!!!). Aos pulos em fato domingueiro com a tia Polly a ter um ataque, a comer maçãs recostado no tronco de uma árvore, a fingir ser pirata, a construir casas na árvore.
Na verdade, acho que aquilo que realmente me encanta no meu amiguinho de infância é que apesar de ser apenas um boneco animado, ele era exactamente igual a todos os outros meninos e meninas e era exactamente td aquilo que cada um desses meninos e meninas gostariam de ser.
Viva o Tom Sawyer!!
Que criancice, dizem alguns. Sim, assumo-o com todo o meu orgulho =))))))))))))))))

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Os presentes

Confesso todo o meu materialismo
Confesso toda a minha futilidade
Confesso que adoro surpresas: gosto de as receber e de as fazer.
Confesso que me apercebo de tudo isto em mim quando sou desarmada pelos presentes mais simples e mais bonitos, mais doces e repletos de significado.
Não tiram significado a cada um dos presentes que me foram dados com tanto carinho porque sei que dentro de um embrulho com roupa ou de um cd ou seja do que for há mais do que a roupa ou os cd's. Há outras coisas invisíveis, há amor lá dentro.
No entanto, confessso que o presente mais bonito que recebi este natal vinha embrulhado em generosidade, com um laço de ternura e vinha cheio de sorrisos =)

post atrasado Natal, natal

Sou suspeita para escrever sobre o Natal. Adoro-o tal e qual uma criança pequena aos saltinhos à volta da àrvore (a semear embrulhos estranhos que nunca contêm nada do que parece e cujo o destinatário adoro confundir) e dos petiscos de natal (que confesso gostar mais de fazer do que de comer).

O ritual do natal é o mesmo há anos e anos. Na manhã de 24 afinam-se as gargantas para cantar parabéns à mamã. Depois faz-se uma corrida entre a florista e a pastelaria para deliciar o gosto da mãe por um ramo de flores e o estômago com Amor aos Pedaços. O almoço é o da praxe no local pacífico do costume, com a vantagem de que está td tão preocupado com a noite da consoada que o restaurante, no meio da serra de Sintra plantado, está quase por nossa conta.

Depois do almoço tardio e preguiçoso segue-se uma tarde ao ritmo da doçaria. Entre fatias douradas e brigadeiros ao som do drexler vai chegando a hora do bacalhau e este ano do leitão, não perguntem porquê, mas soube bem. Em familia, com pais, mano e avós e mais ninguém

Pelo meio, há um lanche com fatias douradas quentinhas e leite com chocolate na mesa mais fixe cá de casa, aquela que tem uma braseira escondida lá debaixo.

Entre o final do jantar e o estatelar do pai natal na chaminé do forno, que é a mais próxima que há da àrvore de natal, ainda há tempo para um parabéns à luz das velas . Depois vem a hora das surpresas e do rasgar dos embrulhos. voam papéis por todos os lados, não fosse eu a criança cá do sítio.

O 25 é passado tranquilamente, entre o almoço em casa dos avós e a tarde de sesta à beira do lume. E eis que passou mais um natal.

sábado, 23 de dezembro de 2006

Um beijo....



"Um beijo, afinal de contas, o que é?", pergunta Cyrano de Bergerac.

A pergunta é dele, a resposta também é dada por ele.

Por trás daquele que ele considera ser o seu grande defeito esconde-se o verdadeiro (e único) sentido do amor: o incondicional. E o amor dele por Roxane é a manifestação disso mesmo, dessa ausência de condições, desse dar sem limites, desse receber sem limites.


Sim ele é fraco, sim é cobarde quando se nega a sair de trás do seu grande nariz, sim ele é grande, sim ele é inegavelmente maravilhoso e bondoso. Porque, quem ama assim, é capaz de entregar a alma sem a perder. Para quem ama assim, o amor basta.


A resposta é tão tão simples, tão maravilhosa, tão pura e sobretudo tão verdadeira. Os beijos só fazem sentido assim. Só fazem sentido quando são sentidos. E quando são sentidos dessa forma que ele descreve.

Escondido na sombra da noite, Cyrano ganha coragem para dar melodia ao conteúdo das suas cartas. Falta-lhe os olhos nos olhos, mas compensa com o mistério do imaginar. Roxane não o vê, ele não a vê a ela, mas a intensidade de se quererem ver um ao outro dá mais força a cada palavra.


Um beijo....? é tão pura e simplesmente isto.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Pétalas de meditação




Num misto de loucura e genialidade, de lucidez e de demência, de amor e de ódio, de racionalidade e de emotividade, as pinceladas de Dalí dão sentido ao mundo, pelo menos ao meu mundo.

Não penso que haja uma tradução para esta pintura. Penso que Dalí a criou com um sentido que só o próprio poderia enunciar. Mas penso também que cada um lhe pode dar o seu sentido único. Porque, aquilo que os nossos olhos vêem é e será sempre o reflexo da nossa existência e da nossa vivência.

Condicionada pelo facto deste ser o meu eleito na vasta obra do pintor, gosto de olhar para ele e ficar a pensar. Pensar em tudo em tudo e em nada enquanto os pensamentos voam e os pés tocam a terra. Esse condicionalismo faz-me ver coisas diferentes a cada dia.

Hoje faz-me ver a beleza grandiosa da amizade, temer as incertezas provocadas pelas certezas das incertezas, misturar o ser com o não dever ser, sentir o amor incomparável de pai e mãe, saber que cada momento é unico e irrepetível, questionar a existência da felicidade e acreditar que as respostas acabam sempre por nos vir buscar. No entanto, a amanhã o olhar pode ser outro. Pode ser aquele que vê as pinceladas ou aquele que as sente, aquele que as ouve ou aquele que as toca.

Quero acreditar que sim.

*Salvador Dalí, Meditative Rose

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

bimbyquices =P


Numa entrevista ao Sol do passado fim de semana João Soares disse: "Tenho muita dificuldade em lidar com o fogão". Ora, tal como este senhor, milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de um problema semelhante. Mas eis que chegou a salvação : a Bimby!


a Bimby é um instrumento genial. é uma máquina em que se atiram os ingredientes todos lá para dentro (não literalmente, mas anda perto) e sai um bacalhau com natas, um sumo de limão ou uma lasanha. Ela faz tudo sozinha!!!!!!


Mas, mais genial ainda é que esta maravilha da tecnologia já tem clube de fãs: o "Clube Bimby" (para os interessados : http://clubebimby.pt.vu/ ) , onde os bimbólicos se juntam todos num fórum e partilham receitas, dicas e sugestões ( "já ouviram a última? a Bimby tem uma lâmina nova! Ah mas não há em Portugal ainda. Pois eu sei, vou tentar comprar no eBay!").


a dita acumula funções, como se vê no site: "- Balança- Triturador- Temporizador (relógio conta minutos)- Picador de gelo- Centrifugadora de sumos- Espremedor de citrinos- Ralador- Batedeira- 1,2,3- Passe-vite- Varinha mágica- Tacho de cozer a vapor- Fogão e todos os tachos e panelas da sua cozinha!" Ora, algo de muito útil para quem esta a pensar comprar casa. Esqueça-se as cozinhas do século passado cheias de tralhas, pelo andar da coisa nem vale a pena comprar casa com cozinha, certo? =P Viva a Bimby!!


Ora, é caso para dizer: BIMBÁSTICO

Do outro lado....

As respostas estão lá. Remando, remando chegamos-lhes.
Basta esquecer aquilo que não merece ser lembrado.
Basta seguir em frente e acreditar que tudo nos torna pessoas melhores.
O bom e o mau.



Al otro lado del río - Jorge Drexler

"Al otro lado del río
Clavo mi remo en el agua
Llevo tu remo en el mío
Creo que he visto una luz
al otro lado del río

El día le irá pudiendo
poco a poco al frío
Creo que he visto una luz
al otro lado del río

Sobre todo creo que
no todo está perdido
Tanta lágrima, tanta lágrima
y yo, soy un vaso vacío


Oigo una voz que me llama
casi un suspiro
Rema, rema, rema-a
Rema, rema, rema-a"

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

a consciência do eu


Gosto de pessoas. Gosto de olhar para elas, gosto de entrar na encruzilhada de cada uma das pessoas que conheço. Gosto do desafio que é descobrir sempre algo dentro de cada pessoa. Gosto disso. Mas assustam-me as pessoas que não consigo conhecer.


Partindo de mim (sorry pelo narcisismo): sendo eu a pessoa mais confusa que eu conheço, tenho a noção de que não me conheço a mim mesma, que não conheço a minha verdadeira essência. Dá-me um enorme prazer ir-me descobrindo, ir-me construindo, ir-me descontruindo ao longo dos instantes, como se fosse um puzzle daqueles de muitas peças.


Ora, a minha questão é: como é que é possível que as pessoas não só achem que se conhecem como ainda por cima se disfarcem, se transformem, manipulem a sua forma de ser e de agir em em função das ocasiões?


Assusta-me perceber a duplicidade e a frieza que são necessárias para tal. assusta-me sentir a manipulação de quem se é. Para quê criar máscaras umas atrás das outras? Para quê essa falsidade? para quê essa maldade? para quê pretender ser-se quem não se é? Um dia, qd as máscaras caem, vêem-se pessoas feias, falsas e más.


Isto assusta-me porque acho que as pessoas acabam por se perder nos entremeios daquilo que não são e que querem ser, e de nunca virem a ser o que realmente são. Perde-se a essência e quando ela se perde, perde-se a alma.


É tão bom ver a simplicidade.Os defeitos ou as virtudes estão à vista. Quem gosta, gosta. Quem não gosta não gosta. Mas pelo menos não se desilude ninguém e sobretudo, não nos desiludimos a nós mesmos. Estarei errada?


Talvez seja ingenuidade (palavra bonita que não significa mais do que "parvoíce") pensar assim. talvez as máscaras sejam importantes e talvez sejam fonte de poder e tudo mais. Mas não me consigo resignar. Não consigo aceitar. E muito menos não consigo perdoar tal falsidade. Mau feitio? Com certeza!


O que está por trás da maçã? o homem ou aquilo que ele quer ser? Prefiro acreditar que é o homem e prefiro acreditar que a felicidade está em ser-se como se é.


*quadro de René Magrite

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Momentos roubados à mesmidade de todos os dias

Ás vezes não é preciso os olhos ouvirem a melodia que a alma vê.
Ás vezes basta apenas deixar-nos ir e perceber a beleza de cada lugar, de cada pessoa, de cada gesto.
Ás vezes, muitas menos do que deveríamos e do que precisariamos, descobrimos como ainda há pessoas para conhecer. Se se olhar para “a gente” por quem passamos na rua com o coração e se lhes dedicarmos um olhar em vez de um passar de olhos, ainda encontramos pessoas, ainda encontramos histórias, ainda encontramos sentido para a essência humana.

Esta noite conheci pessoas dessas

A descodificação "do" Fausto profundo cuja falta de sentido faz todo o sentido. O perceber porque motivo o Pedro Guerra é o mestre deles todos e o ficar sem palavras ante a Suzanne Vega alimentaram o espirito de uma forma sem limites.

A conversa, ao ritmo do esmero =P, deu-me a certeza de que "no hay otra manera de caminar [qué] pie de trás de pie".

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

fim do pesadelo =P eheheheh

uns minutos depois do outro post mas tinha de acrescentar a informação adicional destes últimos minutos: ACABASTE, ACABASTE, ACABASTE O CURSO!!!!!!!!!!!!!!!
Sim, é verdade. a menina dos anos acabou o curso e matou o pesadelo da sociologia de uma vez para tdo o sempre
yuuuuppiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
Vês? quem tinha razão???? EU!!!!!!
Que orgulho que sinto de ti!! Não podes ter a noção.
Podemos ir queimar o habermas juntas? eheheheheheheh
Parabens em duplicado, triplicado e por ai fora até ao infinito
luv u n,a,e,f & in em

Para ti =)


A nossa existência é, necessariamente, marcada pelos outros, por pessoas que conhecemos ao longo da vida. Há uns que nos marcam por momentos apenas. Outros que nos marcam por algum tempo. Outros que deixam a sua marca. E, outros ainda, que sem saber como entram na nossa vida para não mais sair.

Sem que tenha dado por isso, passaram quatro anos. Quatro bons anos em que deixaste de ser uma desconhecida para seres uma amiga e depois deixaste de ser amiga e passaste a ser parte da minha vida. Tanto. Tanto que temos partilhado e vivido. Tantas gargalhadas, tantas lágrimas, tantas memórias, tantos desabafos, tantos momentos maravilhosos. E, sabes o que mais me aquece o coração? É saber que isto é apenas e unicamente o inicio, o inicio de tudo o que ainda está por vir.

Sessões de cinema contínuas. Com filmes uns atrás dos outros. Com karaokes improvisados ao som do rádio do carro a impressionar as pessoas que têm o azar de nos ouvir aos "berros" ao lado da maravilhosa amy lee. Sessões de compras que servem de terapia. tardes e manhãs inteiras a vaguear pelo continental. Momentos de estudo que se transformaram em tudo menos estudo. Fins-de-semana a estudar no duro e a concluir que "serviuuuuuuuuuuuuuu"!!! Viagens até ao alentejo profundo. Horas e horas cheias de paciência em me ensinaste a comer com pauzinhos chineses =P. Almoços a três repletos de comida e de amizade. Noites ao ritmo dos shots e a dançar até as pernas não aguentarem mais. Brooke e Haley.Tardes inteiras no pátio a ver passar o povo e a "largar" o fel =P. One three hill.Milhares de bilhetinhos escritos entre a chatice que é ouvir falar das teorias sobre a criação de uma teoria qq que n serve para nada e entre e uma resposta de exame. Cocktails estranhos em bares estranhos. Hello kitty. Copos. Gajos parvos, principes encantados, paixões e desilusões imensas . Momentos de miúdas. Fins-de-semana naquele paraiso à beira-mar plantado. Confissões e parvoíces sem limites. Risos e sorrisos.

Vitórias, derrotas e empates sempre contigo ao lado. sempre com o teu apoio, sempre com o teu ombro e sempre com o teu sorriso, nunca sozinha.
Milhares de instantes irrepetiveis e inesquecíveis.
Há muito que deixaram de ser necessárias palavras. Só um olhar basta para perceber aquilo que nos vai na alma. (repetindo-me) "És demasiado especial, demasiado importante, demasiado imprescindível" para mim.

Porque fazes parte da minha vida e da minha existência. Porque me tens ensinado tanta coisa, porque me tens feito crescer. Porque me tens amparado nos momentos maus e porque tens sorrido comigo nos momentos bons. Porque tudo faz mais sentido quando te tenho comigo. Porque somos demasiado parecidas. porque somos totalmente diferentes.
Porque podes estar na china, no brasil ou na conchinchina do norte e estás sempre presente. Porque me compreendes. Porque me sabes fazer ver que estou errada. Porque a cada segundo me tens ensinado o que é a amizade. Por tudo isto adoro-te.
Parabéns pelos teus 22 aninhos minha querida amiga.
beijo doce, daqueles que engordam

domingo, 10 de dezembro de 2006

reviver os tempos idos

é verdade. hoje foi dia de reviver os velhos fins-de-semana de estudo. Aqueles momentos desgraçados em que tda a gente estava a fazer qq coisa de estupidamente interessante e o meu domingo era passado em frente a livros, a estudar coisas nem nexo e sbtd sem qq utilidade para o mundo e menos ainda para mim.
Para que é que me interessaria saber sobre a mudança estrutural da esfera publica? ou sobre os 4 paradignas dos efeitos congnitivos da comunicação de massas? bahhhh
NÃÃÃOOOOOO!!!!
e dps aqueles senhores, que por acaso se acham geniais, fazem-nos crer que estamos na melhor faculdade de jornalismo e o que se pensa é: o que raio, se isto é o bom, o que será o mau???????????????????????????????????????????????????????? e dps de lá .estar uns meses descobre-se que de facto eles estão enganados q de melhor por ali há pouco.

Pois é minha querida amiga, estudar ctg só me trouxe boas memórias (para além da pena que tive de ti =/)

Parte 1: Sim, para quem n conhece aqui fica a descrição daquela bela faculdade na Av. de Berna plantada: é um lugar estranho desde a entrada. Com uns ferros meio estranhos em cima dos muros (que dão ar de prisão) apela-se ao sentido artistico da coisa, que de arte só tem mm o preço que custou. Depois entra-se no "hall" e percebe-se pq é que algumas pessoas ainda associam o espaço às cavalariças dos militares (sim, pq era o caso há alguns anos atrás). Entre uma série de edificios em estado triste há duas belas torres (frequentemente denominadas por novas [...?] i wonder why). Por falar em torres a mais recente das duas, onde td começa e acaba, tem ar daqueles edificios modernos todos em vidro (corre o boato que visto de cima tem a forma de um livro, mas n sei se se confirma ou não e tb n seria eu a por-me lá em cima =P) só que por qq erro de engenharia chove a potes lá dentro qd há diluvios cá fora. ahh : a esplanada com as suas cadeiras e chapeus e mesas amarelas powered by ice tea onde nunca há cadeiras livres. no bar. lá dentro é curioso ouvir gritar TOSTA!!!!!! e por fim, a associação de estudantes repleta de eventos e onde só o cheiro no ar da para ficar meio zonzo e com um sorriso parvo.

parte 2: há gente estranha naquele lugar. a coisa mais divertida que há é ficar no hall de entrada a ver passar gente. desde os pseudo-intelectuais aos góticos mistura-se td por ali. é curisoso, mt mm.

parte 3: apesar de td tenho de confessar que adorei frequentar este lugar freak durante tres anos e meio de vida. milhares de momentos, algumas dezenas de pessoas, e alguns amigos para a vida. O nosso "harem do sheik", as nossas viagens para lugares perdidos, a nossa viagem ao algarve, em pleno encontro da Nova, as nossas parvoíces, as horas que passamos no bar a conversar sobre nada, os nossos jantares de caloiros, as estadias no jardim ao pé das galinhas, as nossas saidas à 5a à noite, o nosso velhinho charlie shots, as nossas diferenças e a união que elas criaram em nós. Tudo isso está e ficará para sempre aqui guardado. O cenário - a fcsh - trouxe o colorido necessário à coisa.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

jantar fora de portas com o natal à porta :)

das portas para fora as coisas ganham novos sentidos novas asas. As pessoas mostram-se fora do formato pelo qual as conhecemos e é tão bom.
É bom sentir que há algo mais do que o necessário. é bom conhecer o outro lado das pessoas.
è bom que haja estas ocasiões, em que o pai natal (sim, porque eu ainda acredito no pai natal!!!) se aproxima e a oportunidade surge.

E ontem foi fantástico sentir a camaradagem, a solidariedade, a construção de novas ligações ou o acentuar de outras apesar da espetada de pedacinhos de carvão alternada com o pimento esturricado (quem é que raio teve a ideia de escolher o spot e não me avisou que a espetada era má escolha????????????????????????????????? ). bahhh =p
os discursos, entre as palmas e os copos de tinto (mais ou menos envergonhados, mais ou menos entusiastas) reflectem muito mais do que td aquilo que possa ser dito por mim.

Nem o cansaço de um looooongo dia (em que o corpo já tinha a forma de banco de um C3) fez pensar que valeria mais o conforto do vale dos lençóis do que o conforto que senti na alma enquanto comia amendoins, segurava uma rosa já sem pétalas compradas a um ké frô que por ali aproveitou para vender o stock guardado há décadas, a assistir aos pontapés desaparecerem pelas gargantas abaixo, ao som das gargalhadas e das piadas ao mesmo tempo que atirava cascas de amendoim ao chefe. lá para os lados do bairro alto.
Nem a música por vezes manhosa do jamaica poderia ser trocada pela bela noite em que se assistem a verdadeiros milagres (sim, consegui a verdadeira proeza de não pisar nhm pezinho a ng com a minha falta de jeito para os passos de dança mais delicados =P ); ou em que se descobrem novos talentos de dança ao som de músicas do século passado; ou a verdadeira beleza desdentada que se fez ao ser mais ruivo daquela redacção; ou o momento em que se vê o lado que alcatraz/aquário feio acaba inevitavelmente por esconder em cada um de vós.

O espirito ficou quentinho, a redacção hoje tinha outra cor e na memória fica uma noite mt feliz.
Agradeço a todos vcs e a cada um em particular td aquilo que me ensinam a cada dia e o facto de me tornarem uma pessoa melhor (aos presentes e aos fisicamente ausentes)

lamechas? sem dúvida!! mas tenho ou não razão suas pestes?

ps: lamento qq coisa que tenha ficado esquecida mas as duas horas de sono que me mantêm de pé, fazem com que o tico e o teco (respectivamente bêbado e ganzado) estejam podres de sono e um bocadinho confundidos, o que a juntar aos cabelos loiros tem este resultado luminoso =P

huge kiss 4 u all

Luzes e sombras

O maravilhoso não é saber as palavras,
é saber como as usar,
saber como as juntar,
saber como lhes dar sentido
e saber como as tornar únicas.

Na sua Invocação ao Corpo, escreveu Virgilio um dia:
"......e, no entanto, o reino das sombras fascina.
A voz do mistério atrai-nos como uma voz demoníaca.
Porque, se a claridade seduz, ela também decepciona".


O mistério e beleza que se adivinham na sombra lutam
com a evidência de que a claridade é efémera.
A inevitabilidade desta certeza amedronta.
É mais fácil manter a ilusão do que suportar o peso da decepção

Momentos de embalar

Um roupão felpudo, enroscada num belo puff com uma manta quentinha para aconchegar, à meia luz e embalada ao som desta voz deliciosa fazem o mundo parecer tão melhor, tão mais doce.....
Porque é demasido genial
porque é única
porque é demasiado especial


Disneylandia
Jorge Drexler
(Arnaldo Antunes / Titâs)
Adaptación al castellano: Campodónico/Drexler

Hijo de inmigrantes rusos casado en Argentina
con una pintora judía,
se casa por segunda vez con una princesa africana
en Méjico.
Música hindú contrabandeada por gitanos polacos
se vuelve un éxito en el interior de Bolivia.
Cebras africanas y canguros australianos
en el zoológico de Londres.
Momias egipcias y artefactos incas
en el Museo de Nueva York.
Linternas japonesas y chicles americanos
en los bazares coreanos de San Pablo.
Imágenes de un volcán en Filipinas salen
en la red de televisión de Mozambique.

Armenios naturalizados en Chile
buscan a sus familiares en Etiopía.
Casas prefabricadas canadienses
hechas con madera colombiana.
Multinacionales japonesas instalan
empresas en Hong-Kong
y producen con materia prima brasilera
para competir en el mercado americano.
Literatura griega adaptada
para niños chinos de la Comunidad Europea.
Relojes suizos falsificados en Paraguay
vendidos por camellos
en el barrio mejicano de Los Ángeles.
Turista francesa fotografiada semidesnuda
con su novio árabe en el barrio de Chueca.

Pilas americanas alimentan
electrodomésticos ingleses en Nueva Guinea.
Gasolina árabe alimenta automóviles americanos
en África del Sur.
Pizza italiana alimenta italianos en Italia.
Niños iraquíes huídos de la guerra
no obtienen visa en el consulado
americano de Egipto para entrar en Disneylandia.

domingo, 3 de dezembro de 2006

O fim....

A morte é o fim de tudo. É o fim da dor e do sofrimento. Mas, confesso o meu egoismo: o que mais me dói na morte é saber que nunca mais poderei amar quem parte, que nunca mais poderei dizer a essa pessoa o quanto gosto dela e o quanto ela é importante para mim.
Quando era mais pequena e acreditava na existência de um Deus pedia-lhe muitas vezes que me levasse a mim primeiro e só depois todos aqueles que amo. Hoje, uns bons anos depois e sem saber se acredito ou não em Deus, mantenho esse pensamento. Egoista? Sim, talvez seja. No entanto, não me imagino a sobreviver àqueles que mais amo.

É também nestas alturas em que vejo alguém morrer, que questiono o sentido da existência humana. Penso, apesar de ser só uma suspeita, que sou existencialista. O nome é pomposo, mas revejo-me nos ideais de Sartre e de Virgilio Ferreira. Acredito no ser humano e nas suas capacidades. Acredito são as pessoas que se constroem a si mesmas a cada acto, a cada palavra, a cada pensamento. E nestas alturas penso nisso mesmo. Penso em como as pessoas são más umas para as outras, penso em como o mundo seria melhor se as pessoas pensassem só um bocadinho de nada nos outros.

Confesso que nestas alturas penso no conforto que dá acreditar-se em alguma coisa superior. Penso que se acreditasse em Deus, acharia provavelmente que quem parte iria para um lugar melhor. Se acreditasse na reincarnação, esperaria que essa pessoa reincarnasse num corpo de uma pessoa boa. Mas esta indefinição faz-me pensar que as pessoas apenas deixam de existir. Na minha mente confusa, as pessoas vão para o mesmo lugar de onde vêm, seja isso onde for.

Isto para dizer que que esta infeliz dupla oportunidade num só dia, me fez pensar que vale a pena lutar por ser uma pessoa melhor a cada dia que passa. Fez-me pensar no quanto amo os meus pais, o meu irmão, a minha cunhada, as minhas primas, as minhas amigas, os meus amigos, a minha familia e todos aqueles que me fazem sorrir a cada dia. Fez-me pensar no quanto quero aproveitar a companhia de cada um deles. Fez-me pensar que é bom amar e ser amado.

.....e também me fez pensar que de facto não percebo nada destes rituais que se praticam nos funerais. Há coisas tão parvas. Agir de acordo com o que se "deve ser" e não de acordo com os sentimentos que se tem lá dentro, os comentários da conversa de circunstância "pois, é a vida".- Não, não é a vida. é a morte. Mas parece que ninguem o diz. Depois há aqueles que nem nutrem grd proximidade pela vítima, mas que gostam de fazer grandes aparições nestas ocasiões. Bahhhhhhhhhhhhhhhhhhh deve ser só o meu mau feitio mas não tenho grd paciência para a circunstância.

Any way, só espero que esse lugar para as pessoas vão quando morrem seja um lugar semelhante. Se de facto como dizem alguns esse lugar for o céu, então seja assim no céu como na terra. Que cada um tenha oportunidade para ser aquilo que não foi enquanto esteve por aqui, que cada um tenha a oportunidade para ser realmente feliz. Mas, espero sobretudo que a cada dia que passa cada um tenha a oportunidade para lutar pela felicidade plena enquanto está por cá "neste" mundo, que é o único que temos a certeza que existe.