quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Odiozinho antigo de volta

Ora, ora quem voltou para deixar mais uma pérola sobre o maravilhoso mundo da saúde.
Por palavras semelhantes o senhor ministro referiu que a população de Alijó não vai demorar a perceber os benefícios do encerramento das urgências locais.

Uhmmm..... se calhar isto assim à primeira vista não tem lá muitos benefícios. No entanto, (digo eu), se por uma vez ele se lembrar de explicar a coisa um pouco mais pormenorizadamente se calhar lá aparece um "beneficiozinho" assim pequenino. E, se um dia ele explicar a coisa a sério (a sério mesmo), pode ser que um dia até nem haja protestos e afins. Quiça!?!?

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Berardo no seu better =P


"Pergunta: Como é que compra mais um quadro para a colecção?

JB: Temos objectivos, temos contactos com todas as casas de auctions que conhecem a colecção, sabem que estou bem advised e, portanto, não vêm com bullshit"

Visão - Fev 2006

E este é um dos homens mais poderosos do nosso Portugal

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

The beauty of a perfect moment

Continuo a acreditar que o melhor, aquilo que se guarda no coração, é feito de coisas simples.

Dúvida salarial

Ontem soube-se que o salário minimo nacional subiu 5,7%. A partir do próximo ano, o valor mínimo que cada português leva para casa (por lei, claro) é de 426 euros (uma verdadeira extravagância, diria!!).

Ora, a minha pergunta é: Porque é que quando se aumenta o ordenado logo a seguir aumentam os transportes, a água, o pão,a luz, a comida do piriquito, as taxas e tudo e mais alguma coisa? É que nem dá tempo para uma pessoa ficar contente com o aumento. "ah! o salário minimo subiu mais de 5 por cento. Porreiro!!" e depois seguem-se mais quatro notícias de aumentos. Nem sequer dá tempo para a ilusão!
So, what's the point? Contas feitas o que sobra menos ainda!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Cimeira UE - África vista do meu cantinho


Gastámos uma grande "pipa" de milhões de euros para receber os senhores que mandam numa série de países europeus e africanos. Ele é salas vip, ele é salas vip vip, ele é o último grito da moda em decoração de circunstância, ele é tudo do bom e do melhor.


Foram dois dias apenas e havia tantos outros locais já protinhos para o esquema, mas claro que a classe não seria a mesma e teria muito menos "cachet". E nós somos pobres, mas sabemos da arte de bem receber em nossa casa. Depois podemos é ter de passar o resto da semana sem comer, mas pelo menos os convidados ficaram bem impressionados com a nossa terra.


No final deixámos de ter ajuda humanitária e passámos a ter uma cooperação estratégica. É, de facto há uma diferença estrutural na coisa! Agora não recolhemos comida, roupa e dinheiro para ajudar, cooperamos estrategicamente com eles e juntamos bens de primeira necessidade. Lá está, não é o mesmo!


O Mugabe chega uma "mísera" meia hora atrasado (lá se foram as regras protocolares!) já os acepipes estavam no fim. Será que ele queria que todos o vissem chegar?!?!?!? Nã..... apanhou certamente a hora de ponta de sábado à noite.



O Kadhafi veio com a casa às costas e no domingo "passou a manhã na tenda a ter encontros bilaterais" (ouvi no noticiário) . Sem comentários maldosos, mas que isto não soa bem.... não soa mesmo!!



Não houve parceria económica entre os dois países mas foram dois dias de regabofe neste cantinho à beira mar plantado. E (apesar da mania das bombas, assassinatos e afins que por aí anda nestes dias) nem os terroristas quiseram saber da cimeira para nada.


A conclusão foi que "há um antes e um depois desta cimeira". Lá está. Afinal o objectivo era criar um presente para depois definir aquilo que é passado e aquilo que é futuro.




Eu sabia que iam sair todos felizes com o resultado destes dois dias de conversações (algumas em tendas plantadas no meio do Forte de S.Julião)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Hopper's de brincar =P

Hopper pintou-o.....



..... e depois vieram as derivações e sobretudo as divagações =P

»»»»»»» versão Simpson's



»»»»»» Versão Lego:

From Lietuva

Eis a serenidade e tranquilidade para contar uma história.
Parti para a Lituânia cheia de expectativas e receios.
Lá, em Siauliai (que se diz Chau lé) encontrei uma realidade diferente da que esperava. Numa cidade em que ainda há aquelas coisas que só se vêem nos filmes e gangs e espionagens e afins, em que o estilo dos arquitectos ainda é o da mãe-rússia e em que elas e eles são maioritariamente loiros (e altos para burro!!!). Eis-me chegada ao leste da europa.
Foram 12 dias entre a cidade e base aérea. Depois da resistência inicial senti-me mais um deles. Entre o QRA, a sala de café, a messe e os aviões falei com quase todos os 68 homens da FAP (Força Aérea do Pinhal, dizem) que por lá estavam. Aprendi montes de coisas sobre aviões e mais ainda sobre relacionamentos humanos. Senti-me em missão, certamente numa diferente da deles.


O dia começava cedo. Ás sete salta da cama, às 7,45 sala de pequeno almoço (basicamente ver a sala porque ainda dispenso pepino e pimento a estas horas da manhã) e depois disso ainda faltava fazer os cinco minutos pela Vilnius (rua pedonal) fora para chegar ao hotel em que estavam instalados os militares. Ás 8,30 apanhávamos o autocarro e seguíamos para a base. A manhã era passada a perceber o que fazem por lá e a falar ou entrevistar os elementos das várias áreas (desde pilotos, a manutenção ou logística). Á hora de almoço as atenções centravam-se na messe. Comidinha tuga para matar as saudades. Confesso que percebi finalmente a alegria que alguém pode sentir por ver um bacalhau com grão. È mesmo verdade. A três mil quilómetros de casa, o prato de plástico com o manjar dentro faz o estômago voltar a portugal por breves momentos (sim, a sopa cor-se-rosa e a batata com carne lá dentro e a boiar em gordura tradicionais não me convenceram).





Á tarde, o ritmo era semelhante ao da manhã. Ao longo dos dias deu para cuscar todas as tendas e todos os cantinhos. Num lugar em que os russos estiveram antes da independência. Aqueles hangares enormes e imponentes onde guardavam os Mig’s deles. A neve à volta. Uhmm. E depois chegava à hora de voltar para a cidade. Autocarro às cinco. Voltava para o sotão da Tia Alice (que é como quem diz: para o nosso quartinho simpaticamente colocado no último andar do hotel) que era sobretudo quentinho. No tempo morto recuperavam-se forças, aqueciam-se os pés e trabalhava-se um bocadito ali no conforto do lar (=P).
Hora de jantar: dois bons locais e pouco mais. Esta foi a conclusão de algumas verdadeiras experiências menos boas!! Retro ou Capitonas Morganas (que se escreve de uma maneira totalemente diferente). Um e outro bastante razoáveis, mas sempre com a mesma dificuldade: a de comunicação! Á conta deste pequeno pormenor pedimos algumas coisas que só de chegarem à mesa percebemos de facto o que era, e comemos uma entrada como saída. O inglês falado é manhoso, o escrito pior ainda. Viva os gestos! viva o apontar! (claro que depois há que ter o cuidado de apontar pela ordem que se pretende que venha para não comer saídas ao invés de entradas =P). E depois, rumavamos a quê? Ao hotel dos nossos amigos em busca da preciosidade que é o café português!!!!!! Nada como um Deltazinho enquanto nos ligamos ao mundo graças à tecnologia maravilhosa que é o wireless.

Á noite, no Martini – uma disco night (e confesso que se limitou a uma única noite em que posso apenas ter tido a sorte de assistir ao fenómeno) vi a verdadeira noite lituana. Num espaço decorado à moda dos 80’s, o povo dança ao som de êxitos dessa época. Grandes swings, movimentos ritmados (e exagerados à brava), tal e qual o Grease da Olivia Newton-John e do John Travolta. Pelo meio, o senhor que comanda a música (cá designado por DJ e lá por algo indizível) vai dizendo algo que “eles” certamente entendem. Em menos de nada a pista fica vazia e os casalinhos dançam o slow também dos oitentas para não fugir ao estilo. E acaba e lá voltam os grandes êxitos. Ora, e eis senão quando, depois de mais umas frases gritadas lá pelo “Djevski” aparecem umas cadeiras em palco seguidas por umas meninas em trajes menores (não, não era um bar de strip. É mesmo uma coisa normal segundo dizem). E os trajes vão ficando um pouco menores e desaparecem. E pronto, segue para bingo e volta tudo para o meio da pista para curtir o sound.
E fui ver o Báltico. Num belo domingo de chuva, ainda de madrugada, fomos até à linha de Costa. Um dia é curto, mas como isso tem de chegar porque os alertas não dão tempo para mais, foi uma visita rápida. Em Klaipeda apanhámos o barco para Nida e fomos ver a ilha de Nida (que só é considerada ilha por estar dividida. Na verdade é uma peninsula que sai de Kaliningrado). Enquanto esparavamos pelo autocarro para a outra ponta da “ilha” tivemos tempo não para mergulhar (senão morreríamos congelados), mas para molhar os dedos no mar báltico. Lá fomos até ao nosso destino e sem tempo para almoçar acabamos por “piquenicar” as compras que fizemos no supermercado lá do sítio.


Ainda que não tenha sido por um período de tempo exagerado. Senti as saudades de casa, da minha familia, dos meus amigos mais queridos, do meu carro e de sushi. O tempo escuro, (às cinco da tarde é noite cerrada), os sapatos sempre humidos, a neve e o frio de rachar assim que se levantava o ventinho fizeram-me dar valor a algumas coisas que estavam um pouco esquecidas. Fizeram-me pensar naquilo que é realmente importante e naquilo que é menos importante. Vim mais lúcida, i guess.
Foi uma excelente experiência de trabalho e uma vivência maior ainda.
Valeu a pena? Valeu certamente mais que isso.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

A estrelinha ......

..... Porque as estrelinhas se encontram sem se procurar.


"Numa noite em que o céu tinha um brilho mais forte
E em que o sono parecia disposto a não vir
Fui estender-me na praia, sózinho, ao relento
E ali longe do tempo, acabei por dormir

Acordei com o toque suave de um beijo
E uma cara sardenta encheu-me o olhar
Ainda meio a sonhar perguntei-lhe quem era
Ela riu-se e disse baixinho: estrela do mar


"Sou a estrela do mar só a ele obedeço
Só ele me conhece, só ele sabe quem sou
No princípio e no fim
Só a ele sou fiel e é ele quem me protege
Quando alguém quer à força
Ser dono de mim..."


Não sei se era maior o desejo ou o espanto
Só sei que por instantes deixei de pensar
Uma chama invisível incendiou-me o peito
Qualquer coisa impossível fez-me acreditar


Em silêncio trocámos segredos e abraços
Inscrevemos no espaço um novo alfabeto
Já passaram mil anos sobre o nosso encontro
Mas mil anos são pouco ou nada para estrela do mar

"Estrela do mar
Só a ele obedeço
Só ele me conhece, só ele sabe quem sou
No princípio e no fim
Só a ele sou fiel e é ele quem me protege
Quando alguém quer à força
Ser dono de mim..." "



Jorge Palma - Estrela do Mar

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

A nova rede de telemóveis

Os CTT vão lançar uma nova rede de telemóveis que pretende cativar um mercado mais jovem e apresenta também vantagens para os mais idosos (os senhores que ainda vão para a fila dos correios para pôr a conversa em dia com os vizinhos). Terá o prefixo 922 e opera com chamadas de baixo custo. Nada de extraordinário, somente o nome: Phone-ix (leia-se: Fónix, aquela palavra que os putos usam para dizer asneiras ao lado dos pais; a mesma que os idosos usam por pudor de outras piores). Houve quem não achasse assim tanta graça lá nos andares de cima onde fica a administração da empresa.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Pedaços daquilo que sou...

Tenho a sorte de poder conhecer vários mundos.
Todas essas viagens me dão algo. Como souvenir trago memórias, recordações e vivências.
Sinto que sempre que venho estou mais completa, mais lúcida e menos limitada. Estou cada vez mais mais sedenta e os limites cada vez mais distante, mais infinitos. Não quero parar. Quero mais, mais e cada vez muito mais. Em cada uma dessas viagens recolho pedaços que guardo dentro de mim e que me fazem bem à alma.

sábado, 24 de novembro de 2007

Leaving....



Time to pack.
Time to go.
Time to remember.
I am leaving on a jet plane....




(porque sim e por mais nada. porque é uma das mais bonitas. porque é esta que quero adormecer a ouvir.)


"All my bags are packed,
I'm ready to go
I'm standing here outside your door
I hate to wake you up to say goodbye
But the dawn is breaking, it's early morn
The taxi's waiting, he's blowing his horn
Already I'm so lonesome
I could cry



So kiss me, and smile for me
Tell me that you'll wait for me
Hold me like you'll never let me go
I'm leavin' on a jet plane
I don't know when I'll be back again
Oh babe, I hate to go


There's so many times
I've let you down
So many times I've played around
I tell you now, they don't mean a thing
Every place I go, I'll think of you
Every song I sing, I'll sing for you
When I come back, I'll wear your wedding ring


Now the time has come to leave you
One more time, let me kiss you
Then close your eyes, and I'll be on my way
Dream about the days to come
When I won't have to leave you alone
About the time I won't have to say"



(*Ambos de Hopper)

Os bichaninhos ferozes =P


Eis-me convertida.
Sim, impressiona. Sim, arrepia a pele.
O resto, fica para mais tarde e muito mais inspiração.
Não podia deixar de partilhar.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Dúvida....?

Porque é que antes do jogo da selecção, naquela parte do hino, a bandeira nacional estava nas mãos de senhoras vestidas de mãe natal?

Glossário "lituanês - tuga"

Eis as maravilhas de um maravilhoso mundo totalmente incompreensível para este pequeno ser tuga =P. Pérolas, verdadeiras pérolas!

Há as faltas de sapiência em estrangeiro:
- sheese ao invés do cheese
- Fich ao invés do Fish

........e depois há aquelas mesmo maravilhosas:

- Drogas como Farmácia
- Ice - Tea Gaja (sendo o gaja a marca da coisa)
- Halibut with sauer cream ( Halibut só conheço a pomada, mas vinha na ementa na zona do peixe por isso não sei o que será. partilho assim, que descobrir)

domingo, 18 de novembro de 2007

Lithuania - Klaipeda - Nida

Portraits of the far kingdom








sábado, 17 de novembro de 2007

From Lithuania with lots of snow =P

As delicias de um lugar bem no fim do mundo, coberto de neve e repleto de calor humano.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

"The brave one"



Fui ver o novo filme da Jodie Foster, The Brave One. Questionei o certo e o errado, o lado dos bons e o dos maus e no ouvido trouxe a resposta maravilhosa da Sarah McLachlan.
I will be the answer
At the end of the line
I will be there for you
While you take the time
In the burning of uncertainty
I will be your solid ground
I will hold the balance
If you can't look down
If it takes my whole life
I won't break, I won't bend
It will all be worth it
Worth it in the end
Cause I can only tell you what I know
That I need you in my life
When the stars have all gone out
You'll still be burning so bright
Cast me gentlyInto morning
For the night has been unkind
Take me to a
Place so holy
That I can wash this from my mind
The memory of choosing not to fight
If it takes my whole life
I won't break, I won't bend
It will all be worth it
Worth it in the end
'Cause I can only tell you what I know
That I need you in my life
When the stars have all burned out
You'll still be burning so bright
Cast me gently
Into morning
For the night has been unkind
Answer, Sarah McLachlan

Guerra no "galinheiro"

As vizinhas hoje foram até ao quintal das traseiras. Há três anos que não iam até ao spot preferido para se atacarem e lá foram alegremente com a promessa de que ia ser um momento importante para todos os portugueses. José Sócrates (relembre-se: o primeiro-ministro) e Santana Lopes (relembre-se: o líder da bancada parlamentar do maior partido da oposição) aproveitaram o pretexto de que havia um Orçamento de Estado para discutir e foram até à Assembleia ofender-se e chamar incompetente um ao outro. Orçamento? nem se ouviu falar durante a amena cavaqueira. As vizinhas divertiram-se e quem (pelo menos por uma vez!) tem toda a razão é o Paulo Portas: parecia a RTP Memória. No ar já havia saudades de tanto palrar sem nada para dizer. Apenas mudaram de lado. Antes mandava um mais agora manda outro. Oposição (útil) é que nem vê-la!!!

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Pinceladas de coincidência

A separá-los está o momento de intervenção. Quando Lichtenstein nasceu já Klimt tinha morrido. Um pintou a pop art o outro a Art Noveau.
A uni-los está o momento captado. O mesmo gesto, a mesma ternura, a mesma força, a mesma emoção, o mesmo sentimento.



sábado, 20 de outubro de 2007

Rapto na Colômbia

Aldo tem 4 anos, pertence e uma familia rica e foi raptado. Mandaram uma mensagem aos "pais" em que pediam um resgate de 350 mil dólares e uma mensagem de som que era precedida da seguinte frase: "É assim que ele chora à noite". A polícia investigou o caso e salvou o pequeno Aldo. Apanhou dois dos raptores e pelo meio um policia ficou ferido.
O crime aconteceu na Colômbia, um país onde os raptos são o pão nosso da cada dia. Mas desta vez havia uma pequena nuance: Aldo é um felpudo pastor alemão.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

A terra onde as coisas acontecem

Naquele dia falou-se de sonhos.

Vinha pelo caminho e ele começou a descrever a terra onde eles acontecem.Creio que a viagem até esse território depende apenas da força com que se acredita que as coisas são possíveis. Depende apenas da vontade e da paciência. E o segredo é saber que tudo acaba por acontecer no momento certo.É lá que preencho os meus vazios É a essa terra que vou e que continuarei a ir sempre que o sol estiver escondido atrás das nuvens.









Na terra dos sonhos


Andava eu sem ter onde cair vivo
Fui procurar abrigo nas frases estudadas do senhor doutor
Ai de mim não era nada daquilo que eu queria
Ninguém se compreendia e eu vi que a coisa ia de mal a pior

Na terra dos sonhos, podes ser quem tu és, ninguém te leva a mal
Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual
Na terra dos sonhos não há pó nas entrelinhas, ninguém se pode enganar
Abre bem os olhos, escuta bem o coração, se é que queres ir para lá morar

Andava eu sózinho a tremer de frio
Fui procurar calor e ternura nos braços de uma mulher
Mas esqueci-me de lhe dar também um pouco de atenção
E a minha solidão não me largou da mão nem um minuto sequer

Na terra dos sonhos, podes ser quem tu és, ninguém te leva a mal
Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual
Na terra dos sonhos não há pó nas entrelinhas, ninguém se pode enganar
Abre bem os olhos, escuta bem o coração, se é que queres ir para lá morar

Se queres ver o Mundo inteiro à tua altura
Tens de olhar para fora, sem esqueceres que dentro é que é o teu lugar
E se às duas por três vires que perdeste o balanço
Não penses em descanso, está ao teu alcance, tens de o reencontrar
Jorge Palma

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Levezas de ser

"São precisamente as perguntas para as quais não existem respostas que marcam os limites das possibilidades humanas e traçam as fronteiras da nossa existência".

- Milan Kundera, candidato a prémio Nobel da literatura 2007-

Por momentos pensei que lhe iam dar, a ele, o grande prémio da literatura. Seria o contemplado e o reconhecido e muitas pessoas iriam correr às livrarias à procura da sua obra
Só depois percebi que não faria sentido.
Ele é mais bonito assim, meio escondido nas prateleiras. Misteriosamente (exagerando, talvez) guardado na sua Insustentável Leveza do Ser, na sua Imortalidade e na sua Identidade....


"Mesmo a nossa própria dor não é tão pesada como a dor co-sentida com outro, pelo outro, no lugar do outro, multiplicada pela imaginação, prolongada em centenas de ecos"

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Acasos constipados

Há dias assim. Há dias em que me dá uma irresistível vontade de chegar a casa e correr em direcção às prateleiras onde repousam Sophia, Pessoa, Fausto, Espanca, José Mário Branco, Ramos Rosa, Mário Sá Carneiro...
Sabe bem escolher um ou outra em função dos dias e dos humores. É maravilhoso nem sequer olhar enquanto se puxa um deles para fora e se abre numa qualquer página. Gosto das coincidências que saltam de um verso imprevisto ou de uma quadra sem sentido.

Hoje, os dedos tropeçaram na antologia de Pessoa que aberto ao acaso me devolveu um Álvaro de Campos. Pegar. Abrir ao acaso numa página qualquer. Descobrir as palavras escritas num dado momento, em direcção a um alguém cuja identidade se esconde nas entrelinhas, sobre um qualquer assunto que não se sabe de onde vem.

Este Álvaro de Campos que faz rima com o meu dia. Pelos ditos magnatas que definem futuros em contas de somar e subtrair numa injustiça que fere até os mais duros. Foi apenas uma coincidência, mas esta constipação é uma inevitável vitória dos euros sobre os sentimentos.

Chamem-me o que entenderem, interpretem como quiserem. Não quero nem saber.
Para quem se interessa, eis a explicação: É apenas dor de amiga, nada mais.


"Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
(...)
Nunca estive bem senão deitando-me no universo
(...)
Excusez un peu.... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e da aspirina"

Álvaro de Campos

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O mundo ao contrário

Nos últimos tempos....

- Na guerra do "Luis contra Luis" o Menezes deu a volta à coisa e ganhou ao pequeno Mendes com uma inesperada vitória. Elites de um lado, populistas do outro. E no final das contas, quem ganha é o Luis de Gaia que é o que o povo quer e o povo é quem mais ordena mesmos nestas coisas da politica e da direita. De notar que é com agrado que assisto à reviravolta nos matraquilhos.

- Uma criança, de dois anos, entorna o leite e a mãe dá-lhe "apenas" um pontapé. Mas não tinha qualquer intenção de a matar. É, era apenas para ver se da próxima ela tinha mais cuidado. Pena é que não houve próxima!

- Os monges da antiga Birmânia iniciaram uma "revolta silenciosa" que os tem vindo a silenciar, à lei das balas pouco silenciosas. Nestes últimos dias, em Myanmar a pacatez dos monges que se vestem da cor do Açafrão têm feito uso dos blogs, chats e afins para denunciarem ao mundo o que se passa dentro das fronteiras de uma das ditaduras mais fortes do mundo. Os supostos homens da paz andam em guerra.

- Um juiz decidiu que, depois da lamentável cena da criança que tinha dois pais, uma mãe e uma senhora que a pôs no mundo, tinha a verdade nas mãos. E, mesmo contra a opinião dos especialistas, a Esmeralda deve ser entregue ao "pai biológico", decidiu o juiz . A criança vai andando de colo em colo.


- Um árbitro, de seu nome Pedro Henriques, esqueceu-se dos óculos em casa e não viu o bracinho do Katsouranis na bola dentro da grande área. O auxiliar viu, os jogadores viram, os treinadores também viram, os espectadores também. Mas ele não e por isso não houve penalti para ninguém.

- a ASAE fechou as cozinhas de três hospitais - D. Estefânia, Santa Maria e St. André (em Leiria) - depois de terem descoberto "desconformidades". Seja lá isso o que for que o termo signifique não me parece coisa boa ou que faça bem à saúde. Mas quer dizer.... nos hospitais não é suposto ficar-se melhor e não pior por desconformidade?

- o Mourinho é posto a andar do Chelsea e ainda recebe uma brutalidade de milhões de euros para sair. Eu admiro o senhor, sou fã daquela personalidade forte e tal.... mas ser despedido não é suposto ser uma coisa com consequências, geralmente, negativas?


E quem tem razão é o Santana Lopes quando diz "Está tudo doido!".

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

"Os vulcões também fazem anos"


.... e este faz 50. A 27 de Setembro de 1957 acordou e 13 meses depois voltou a adormecer deixando a marca da sua passagem nos Capelinhos. A ilha cresceu e nunca mais foi a mesma.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Outono (estratégia da cigarra)


Porque ele chegou de mansinho.

"Lembro viagens vida fora nas curvas do teu corpo
onde repouso o olhar
tantos caminhos onde me perdi
as voltas que eu já dei para me encontrar...

Como se um homem decidisse
partir à descoberta
da sua essência final
ingrata e grande, essa tarefa vã
é como demandar o Santo Graal
Saboreei o que a vida me ofereceu
tudo o que sinto é só meu
eu nunca renunciei!
e vou continuar a estratégia da cigarra
cantando o inverno a chegar
Saúdo a tua companhia
com vinho envelhecido
nas profundezas do amor
não desdenhando o que usufruí
desfruto intensamente o teu sabor
Filosofias da existência
doutrinas que não servem
vivências ímpares, pessoais
arrecadei-as no meu velho baú
e sigo, respeitando os rituais "

Jorge Palma




segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Coffee, cigars and thoughts

Uma chávena meia vazia, um cigarro meio fumado e um pensamento meio pensado.
Metades de tudo num vai e vem de nadas.
E, mais tarde ou mais cedo, a outra metade acaba sempre por acontecer.

(* Hopper)

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

O fim da paciência

Este é um post com um destinatário "anónimo".

Se há para aí tanta vontade de opinar, de me criticar e afins então força! E que tal ganhar aquilo que não tem e para além dos elogios deixar o nome? É que teria muito mais graça e por uma vez seria (quiçá!?!) original.

Não admito que um(a) retardado(a) mental ofenda as pessoas de quem gosto. Usar a designação "anónimo" para se dizer o não se tem coragem de dizer assumidamente para além de cobardia e é uma verdadeira pobreza de espírito.

sábado, 15 de setembro de 2007

A dura vida de peluche



Maddie: peluche pode ser apreendido
in Portugal Diário

Tadinho dele! Será que alguém lhe vai levar bolinhos e salgadinhos ás catacumbas da choldra? Será que foi ele o dito cujo cumplice? Será que esconde alguma coisa? Será que vão cometer o cruel acto de o torturar (entenda-se: descoser o bicho) até que ele confesse algo de horrendo? Será que ele também tem um diário? uhmmmmm.... a apreensão vai dar que falar

OU NÃO!!

terça-feira, 11 de setembro de 2007

The 9/11

Foi há seis anos: O mundo descobriu que afinal tinha medo.

A menina sem sorte

Veio de Inglaterra e veio para passar férias no Algarve com o papá, a mamã e os manos gémeos. A menina tinha quase quatro anos e como quase todas as meninas de quase quatro anos tinha um sorriso cheio de brilho. Um dia à noite, a menina desapareceu e nunca mais ninguém a viu. Depois vieram os orgãos de Comunicação Social, a polícia e os mirones - infelizmente por esta ordem.

Primeiro falou-se em rapto, depois em morte, agora em todas ao mesmo tempo. Em nenhuma das hipóteses o final poderia ser feliz (isto se alguma vez existir final). Falou-se em Espanha, falou-se em Marrocos, falou-se na Holanda. Acusou-se Murat, acusou-se o dito cujo pedófilo espanhol, agora acusam-se os pais. Há teorias por todos os lados. "Há-as" fundamentadas, "há-as" macabras, "há-as" alucinadas, "há-as" conspirativas, "há-as" idiotas. Na verdade, não há quem não tenha uma opinião a dar sobre um assunto que muito poucos sabem. Tomam-se partidos, defendem-se posições, argumenta-se contra ou a favor de tudo. Apontam-se culpados, defendem-se presumíveis inocentes. Tudo presunções de verdade muito pouco fundamentadas. Tudo presunções de que a tal verdade é aquele e somente aquela.


Neste meu momento de tecer qualquer tipo de considerações com todas as características das que descrevi nas linhas em cima (i.e. sem qualquer fundamento, meramente opinativas e totalmente desprovidas de seja o que for) explico-me. Digo que acho que os pais nunca deveriam ter deixado as crianças sós. Sim, têm uma outra cultura. Sim, são menos ansiosos e protectores que nós, os latinos. Sim, não são os galinhas como os nossos. Sim, digo eu, mas é por isso que eles lá têm mais raptos, mais gravidez na adolescência e por aí fora. Isso, na minha mísera opinião faz deles maus pais e negligentes, mas não faz deles assassinos. pelo menos até que haja a prova disso. "Inocente até prova em contrário", onde é que já terei ouvido isto?!
Há de facto muita coisa a bater errado nesta história. Há algumas coisas que me fazem confusão. A história do peluche, as análises a darem resultados surpreendentes, pessoas a acusarem os pais que tinham defendido, comentários à prestação da PJ, acusações aos media, blá blá blá blá e mais blá.

Um dia qualquer pode ser que alguém descubra o que se passou.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Nem urbano, nem mundano

Nem um, nem outro.
É apenas um sentimento brutalmente intenso.
É um rasgar de tudo o que é aparência.
É uma doce intrusão no mais profundo do ser.
É o que não devia ser. Mas isso não importa.

(Edward Hopper)

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Geneticamente explicado!

Noticia de hoje em vários jornais:
«Estudo publicado na revista científica "Nature Genetics":
Cientistas descobrem primeiro gene responsável pela altura »
No dia em que me encomendaram à cegonha este gene estava "de folga" =P

Ei-lo de volta =)



" Dicen que Aristóteles afirmaba que la esperanza es el sueño de los hombres despiertos. La música nos mantiene despiertos, atentos a la realidad que nos rodea. Nos hace conocedores de unas pocas certezas: la de sabernos acompañados en nuestras búsquedas, preguntas, amores y desamores, la de saber posible ese mundo mejor que asoma tras la cancela que Casandra vislumbra en sus sueños. Estas canciones me enseñaron a tener fe en Casandra, a entender que no está perdido aquello que no fue, a buscar la esperanza en el sueño de un niño indígena. Supe por ellas que las aves migratorias siempre encuentran el camino de regreso, que la excusa más cobarde es culpar al destino, que el ruido se callará y te oiré hablar en sueños y que este pequeño milagro, todo lo que fuimos y seremos, estará a salvo porque alguna vez cantaste conmigo".

ISMAEL SERRANO
A mesma voz profunda e repleta de tanto. A mesma melodia. O mesmo arrepio na espinha. Maravilhoso como sempre.

Máquina do Tempo



"O Universo

é feito essencialmente de coisa nenhuma.

Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.

Espaço vazio, em suma.

O resto, é a matéria."


Alberto Caeiro

Boulevard of dreams


Ao fundo, lá bem ao fundo, há aquele único final esperado e incontornável. Pelo caminho, vão ficando as marcas num caminho feito de Primaveras e Outonos. E tudo o que realmente importa vai surgindo no entremeio das sombras e do sol, no entremeio das expectativas e das conquistas, das esperanças e das decepções. Pela berma ou pelas linhas brancas ao centro, o que sobra é a doce sensação de que cada passo em direcção a esse final é diferente do passo anterior e do passo seguinte.

(by me nas imediações de Portalegre, há uns anitos)

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Em memória de um professor



Aparecia quando aparecia, de quando em quando, e sempre sem pressas. Chegava e punha a cadeira, pesada e rente ao chão, sempre no mesmo lugar: ao meio das duas fileiras de cadeiras. Para ficar mais próximo e para evitar toda a distância causada por uma secretária, dizia. Podia não ser um excelente cronista. Podia ter um gosto literário duvidável. Podia ser confuso e, por vezes, pouco coerente. Podia ser tantas coisas quanto se imagine de mau ou de bom. O que guardo é a de um invulgar professor. Não um excelente professor. Não foi sequer um grande professor. Mas um daqueles, poucos, que prenderam a atenção e um daqueles, poucos, que deram espaço para dar largas a toda uma imaginação que só uma cadeira denominada de "Teorias da Modernidade e Pós-Modernidade" dada por ele, podia permitir. Liberdade, liberdade, liberdade. Foi o tão grande apenas que ele me ensinou. Liberdade de dizer, liberdade de pensar, liberdade de divagar. Um sem fim de assuntos ao longo de um curto semestre; um incompreensivel (para mim) diálogo sobre telenovelas entre ele e a minha querida ela com cerca de dez parvos a alternar o olhar ao estilo jogo de ténis de um para o outro; e uma deliciosa e memorável gargalhada.

Eduardo Prado Coelho morreu. Para os outros não sei o que deixou de herança. Para mim deixou isto.


quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Danças

A cada nova música o ritmo que se imprime ao corpo mais não é que o resultado de toda uma existência. Um ritmo que suporta o peso de tudo o que já foi e se eleva com a leveza de tudo que está por vir. O chão, repleto de pedras e irregularidades, é o único impedimento para a perfeição no balanço do corpo. O tempo, repleto de trovoadas e de tardes soalheiras, faz alternar os sorrisos com as lágrimas. A lua, ora cheia ora desaparecida, cria o cenário. E os olhos fecham e o corpo segue o movimento impresso pelo batimento que cada nota provoca quando embate na alma.

The Dance - Paula Rego

Volcano - Damien Rice


#'Cause it's too beautiful and 'cause it is too that#


Don't hold yourself like that
You'll hurt your knees
I kissed your mouth and back
But that's all I need
Don't build your world around volcanoes melt you down

What I am to you is not real
What I am to you you do not need
What I am to you is not what you mean to me
You give me miles and miles of mountains
And I'll ask for the sea
Don't throw yourself like that
In front of me
I kissed your mouth your back
Is that all you need?
Don't drag my love around volcanoes melt me down

What I am to you is not real
What I am to you you do not need
What I am to you is not what you mean to me
You give me miles and miles of mountains

And I'll ask for what I give to you
Is just what i'm going through
This is nothing new
No no just another phase of finding what I really need
Is what makes me bleed
And like a new disease she's still too young to treat
Volcanoes melt me down
She's still too youngI kissed your mouth
You do not need me

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Para sempre presidente!!


Eu confesso a minha admiração esquisita por este senhor. Não pelas suas capacidades políticas, não pela sua forma democrática de governar la Venezuela (longe.... muito longe disso), não pela sua aparência tosca, não pelo seu apoio incondicional (e interesseiro) ao amigo cubano Fidel. O que eu gosto nele é o seu espírito assim ao estilo "faço o que me apetece neste pequeno reino que é só meu" e gosto do surreal que há nele. "Agora vou mudar esta treta que é a constituição para poder ficar presidente para sempre". E puff: muda!!

Louçã sobre Pulido Valente

"O Vasco Pulido Valente é um burguês enfastiado que do alto da sua experiência de ex-deputado do PSD da maioria absoluta acha que a política terminou quando ele saiu do parlamento"

in DN de 16 de Agosto (hj ptt!)

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Tradições de verão em perigo!


Então não é que a ASAE foi mesmo apreender 4 mil (assumo que não me lembro do número ao certo) bolas de berlim?!?!?!? Mas desde quando é que se autoriza estes senhores a intrometerem-se num velho clássico e da cultura portuguesa e numa tradição anciã: ouvir alguém gritar na praia que há bolinhas de berlim para se comer enquanto se está deitadinho na toalha a ver o mar? Não se faz. Estou revoltada. Eu sempre comi bolinhas de berlim destas e ainda cá estou para poder escrever as linhas da indignação sem qualquer tipo de problema. Bahhhh!!!

Apontamentos


INEM

Por uma única vez, há já uns anos, estava aflita com o estado de saúde da minha querida menina e telefonei para aquele número que é quase sempre sinónimo de uma grande aflição. Marquei o 112 e a resposta não foi aquela que desejava ou precisava. Nesse dia, zanguei-me com o INEM. Agora, tive uma oportunidade única de conhecer verdadeiramente o INEM. De ver por dentro, de entrar num mundo repleto de histórias com finais que tocam o coração. Não falo de heróis nem de heroínas, de dramas ou tragédias. Falo de uma enorme vontade fazer a diferença quando mais nada resta, falo de uma luta em que todos os segundos contam, falo de querer salvar vidas.Durante os quatro dias em que a minha única e insignificante missão foi acompanhar estes homens e estas mulheres percebi muitas coisas. Percebi sobretudo que a condição humana se revela nos momentos em que todos nos revelamos unicamente como pessoas. Independentemente dos cargos, dos nomes ou do extracto da conta bancária. Percebi que há quem passe a vida a dar vida aos outros e a roubar vidas há morte. Percebi que apesar do cansaço e do stress que é andar sempre a correr de emergência em emergência no final vale sempre a pena, ainda que por vezes não se evite o final triste. Ouvi histórias, muitas histórias. Ouvi histórias tristes e penosas, ouvi histórias felizes e experiências arrepiantes. Vi com os meus próprios olhos o que é tudo isto.Naquele lugar onde caem as chamadas em tempo de aflição ( CODU ­ centro deorientação a doentes urgentes) vi a aflição daqueles que presos a um telefone têm de gerir os meios de socorro e decidir quais as situações de emergência mais urgentes. A bordo da ambulância fui correndo as ruas da baixa enquanto esperava que o telefone tocasse. Quando tocou, o cérebro despertou para tudo aquilo que estava a acontecer. A situação não era de vida ou de morte, mas isso pouca importância teve. A determinação é a mesma.E os cinco andares de escadas foram feitos a uma velocidade alucinante. A dona Maria tinha apenas umas escoriações e a cabeça a precisar de uns pontos, mas o carinho com que a tripulação da ambulância a tratou tocou-me o coração. Na VMER (aquelas carrinhas Passat ), Viaturas Médicas de Emergência e reanimação, não andei, por só haver três lugares. Mas aproveitei o tempopara falar com os médicos e enfermeiros que dedicam algumas das suas horas de folga no hospital para fazerem serviço de urgência. Os relatos são verdadeiros afagos para o espírito. E o entusiasmo de quem conta essas histórias faz ver que apesar de tudo, os momentos felizes compensam todos os outros e que dão oxigénio para se aguentar. No helicóptero a experiênciade voar até aos doentes foi fabulosa. Depois de uma manhã inteira na base em que nada aconteceu, o heli foi chamado e não parou até às 7 da tarde. Apesar de o trabalho ser feito em condições de transporte extraordinárias, o espírito e a determinação são as mesmas.Muitos daqueles com que falei confessaram que desistir foi algo que já passou pelas suas cabeças por diversas vezes. Sempre que pensaram que não aguentavam mais e que chegava de sofrer com o sofrimento dos outros. Mas todos acabaram por ficar. Em cada um dos lugares em passam por experiências fortes fica uma marca. A marca que só eles vêem, a marca de que aquilo que fazem continua a valer a pena.Foi uma experiência que jamais esquecerei e a zanga antiga que tinha desvaneceu-se. Espero do fundo de toda a minha pequena dimensão ter conseguido (nas seis páginas a que tive direito) mostrar aquilo que é o INEM e aquilo que estes homens e mulheres fazem pelos outros.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Ladrões sem "cachet"

Pois é verdade... ele há ladrões mesmo parvos. Então não é que o "Gang do A4" mudou de carro? Quer dizer... ladrão que é ladrão de jeito não passa de um A4 para um Mégane!!!!!!!!

Ayo




Ouvi, o ouvido saltou, tornei a ouvir e a ouvir e a ouvir e apaixonei-me. É uma verdadeira delicia.
Chama-se Ayo.

See for yourself:

http://www.youtube.com/watch?v=F_laMjmR5nM

Uma Voz na Pedra

"Não sei
se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha ebriedade é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei.
Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra."

António Ramos Rosa

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Despertares ....

Um dia Sophia escreveu:

"Ás vezes julgo ver nos meus olhos

A promessa de outros seres

que eu podia ter sido,

se a vida tivesse sido outra

Mas dessa fabulosa descoberta

Só me vem terror e mágoa

De me sentir sem forma, vaga e incerta

Como a água"

Mais:

Tudo me é uma dança em que procuro

A posição ideal,

Seguindo o fio de um sonhar obscuro

Onde invento o real

À minha volta sinto naufragar

Tantos gestos perdidos

Mas a alma, dispersa nos sentidos,

Sobe os degraus do ar..."

Um dia Dali pintou:

Eis o que sinto.....

Desperto e assusto-me com uma realidade que não conhecia em sonhos;


Desperto e não me acho no que sinto, no que penso e no que projecto;


Desperto e temo não ter forças para fazer com que a alma acompanhe o corpo;


Desperto e tenho medo de jamais voltar a ser o que já fui;

Desperto e tenho medo do que sou;


Desperto e balanço entre a nostalgia de sonos passados e o receio dos sonhos futuros;

domingo, 22 de julho de 2007

"A" Lisboa

A Lisboa que faz bem à alma, a Lisboa dos recantos, a Lisboa à beira rio, a Lisboa que inspira, a Lisboa solitária e a Lisboa das multidões, a Lisboa de cortar a respiração, a Lisboa que consola, a Lisboa do fado, a Lisboa da descobertas, a Lisboa dos telhados e das águas-furtadas, a Lisboa que chora, a Lisboa das ruelas perdidas e dos escadinhas encontradas, a Lisboa dos amores, a Lisboa dos postais, a Lisboa dos eléctricos, a Lisboa dos bairros, a Lisboa dos santos populares, a Lisboa vista de uma janela. Tão somente....Lisboa
Uma Lisboa que é só minha.
A Lisboa que eu amo.



Mas só daqui se percebe porquê.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Corte e recorte

Dói. Dói tanto que se perde a vontade de tanta coisa. Dói tanto que se põe em causa o tanto e sobretudo as tantas convicções que se tem. Dói porque se perde um pouco do que se é em cada um dos pedaços que caem. Dói porque se perde o amor que se coloca em cada linha. Dói porque nos matam apontamentos de momentos que mais ninguém viu e que desta forma mais ninguém sentirá. Dói porque as histórias se tornam meias histórias despojadas de sentidos. Dói porque cada palavra não é o fruto do acaso mas o resultado de uma ponderada escolha da palavra certa para aquele lugar certo. Dói porque gosto de ver e sentir que ali está tudo o que podia dar e não um bater de tecla qualquer. Dói porque a beleza que pode haver está no todo que se alcança e não naquilo que mais chama à atenção, está nos pequenos nadas. Dói porque ainda que seja legítimo é cruel. Dói porque sentir o desprezo de alguém por aquilo de que se gosta magoa a alma.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

.......???????............. (zzzzzt fez o meu cérebro)

São 7,50 da manhã e eis que aqui estou eu provavelmente no pior aparthotel do mundo. Á minha espera está uma cama que sai de dentro de um armário ou um beliche desmontável na parede. Eis-me acabadinha de chegar de uma ronda nocturna pelos bares da moda no algarve.
Pelo caminho, a fome fez-me parar naquele que provavelmente é o lugar mais perto do surreal que consigo imaginar (muito provavelmente e com tda a certeza pelo estado em que o meu cérebro está depois de 24 horas nonstop). Chama-se Bistro Oasis Club (nome com um toque british, ie, estrangeiro), fica ali logo à saída de Vilamoura, tem umas tostas maravilhosas (no caso, e deve ser mm sono, adorei uma tosta de galinha com alho e queijo extra!!) que misturei com um leite com chocolate (Ucal, que era o que havia) numa maravilhosa (...mente manhosa!) combinação de sabores. Á volta paira o surreal. Umas espanholas acompanhadas por um português tentam pedir uma tortilha a uma empregada de mesa oriunda de um país de leste que não sabe o que é uma tortilha e que tenta explicar (não sei em que língua...) que não tem tostas de manteiga (oinc!!!). Nunhum deles se entende e lá vem qualquer coisa que elas acham que pediram e que a senhora acha que entendeu.
Enquanto mastigo a minha tosta olho à volta. Á minha frente está uma televisão e um plasma os dois a darem a mesma coisa e virados para o mesmo sítio em que eu estou. No canal, o Fashion TV, que está ligado passa a colecção de inverno de um qualquer inverno passado apesar de estar a nascer um belo dia de Verão fora das janelas. Por baixo, há um anúncio aos "Bilhares Chorão" colocado numa máquina de jogos. Antes de vir embora tenho oportunidade de assistir a dois meninos, sentados atrás de mim, a comerem uma francesinha (o prato típico, não uma menina oriunda daquele país acima de Espanha e abaixo da Holanda) e a partilharem uma travessa de batatas fritas (apesar de ainda não serem sequer oito da manhã).
Pelo caminho de volta para este belo lugar em que me encontro, passo por lugares como a Patã ou a Mari-não-sei-das quantas enquanto senhoras honradas e senhores trabalhadores se preparam para um belo dia de trabalho e eu para um belo dia a dormir desgraçadamente. Mesmo a chegar ao aparthotel ouço o toque do despertador do meu telemóvel que toca à mesma hora que eu o programei para tocar ontem quando acordei (há milhares de anos atrás, diriam as minhas costas, os meus pés, os meus rins, as minhas olheiras e tds os afins.... que não sinto sequer)
São 8,17 da manhã e vou cair na cama. Espero que o armário de onde sai a cama não se feche comigo lá dentro.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Os senhores (e senhora) que querem a cadeira estão a (de)bater-se



Eu percebo a ideia e sem dúvida que o debate tem todo o potencial para ser um bom debate. Mas doze pessoas ao mesmo tempo não é uma coisa fácil de gerir e a senhora dona Fátima está "à nora"para os pôr a falara um de cada vez sem amuos ...... (e eis que o Carmona acaba de dizer a brilhante expressão "por causa que..." ). oh para a Roseta a revoltar-se "Não me tire assim a palavra, sff". oh para o Garcia Pereira a dizer: "Agora sou eu a falar.Não me interrompa!"

Pois, não dá mesmo. Aliás os senhores estão sempre a perguntar (antes de falar) "ainda os transportes?", "ainda o Chiado?".

Ehehehe o senhor do PNR diz "eu falei menos uma vez por isso agora posso alargar-me" (em tom espertalhão!)). "Não pode, não! (em tom ameaçador!), diz a Fátinha


.... uhmmm não sei qual seria a solução mas, com certeza, não pode ser assim porque NINGUÉM SE ENTENDE ali no meio e eu (se calhar é apenas problema meu) não consigo ver nenhum deles dizer qualquer coisa com pés e cabeça. No meio desta confusão fica tudo meio-dito!