quarta-feira, 26 de março de 2008

"Like a soul without a mind
In a body without a heart"

Massive Attack, Unfinished Symphony

terça-feira, 25 de março de 2008

Deambular, tropeçar, dar beijinho na ferida, levantar e deambular


Não, já nada é igual.

Sei que o agora é o resultado do antes e influenciará o depois.
Sei que o hoje é fruto de ontem e é molde para amanhã.

Nada é igual.

É olhar para trás e ver as diferenças.
É olhar para trás e ter outra cor, outra forma, outro cheiro, outra textura, outro toque, outro sentido.
É olhar para trás e sentir com outra força, com outro significado.

É sentir que o que se disse, pensou, imaginou, escreveu, criou, referiu, e que fazia todo o sentido, perdeu argumentos.
É sentir que os contornos e justificações perderam as fronteiras e são injustificáveis.

É perceber que aquilo a que se deu tamanha importância, não é tão importante.
É perceber que aquilo a que não se deu importância, é altamente relevante. É imperativo. É urgente.

É fazer parvoíces. É usar os trambolhões como impulso para levantar.
É ir aos limites. É descobrir que os limites estão para além desses imaginados.

É nunca poder dizer nunca e jamais esquecer o que se foi e onde se quer chegar.
É procurar e encontrar sempre mais, nunca menos.

É acreditar que o amanhã será sempre mais rico, mais condensado, mais significante, mais claro, mais brilhante, mais ousado, mais importante, mais muito. Mais duro, mais frio, mais pensado, menos sentido, menos ingénuo, menos muito.

Mais completo. Mais feliz. Melhor. É, não é mesmo nada a mesma coisa que já foi.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Casamentos precisam-se! .... para dar o dizimo ao Estado

Ora se alguma vez já se viu isto!!! Esta perseguição aos noivos que casaram recentemente é no mínimo insólita. Ora, para além de obrigarem os noivos a declararem qual o serviço de catering, o cantor, os bailarinos, a quinta onde fizeram o copo de água, o bolo, as recordações, vestidos de noiva/noivo, o carro usado para transportar os noivos, as flores, os convites e a juntarem os recibos de tudo, também os obrigam a denunciar os restantes noivos?!?!?!?
E as prendas também vão ter de declarar?
E o que pagaram ao padre, também ?????

Babel




Por alguma preguiça (e porque fazia questão de ter aquela caixinha maravilhosa em metal!) fui deixando, deixando e passou demasiado tempo até o ver. Vi agora.
Sem surpresa, achei extraordinário.
A história não é tão forte como a de Amor Cão. A sequência da história está longe de bater a genialidade de 21 Gramas, tal como a profundidade.
Em Babel, Iñárritu consegue algo fabuloso: transmitir sensações. Sentir a aflição, a sede, a surdez, a confusão, o medo. Por isso mesmo, está ao nível dos dois anteriores.

segunda-feira, 17 de março de 2008

O Enigma dos enigmas

"Desapareceu uma menina no Algarve..."

Nada de novo. Aconteceu há quase um ano. Durante meses e meses fez parte dos noticiários. Durante outros tantos ganhou semelhanças com uma novela de mau gosto. Agora, alimenta a imaginação de muitos. Há várias teorias sobre qual terá sido o desfecho desta história.

Mas este é, também, o mote para o livro Enigma na Praia da Luz. Um romance baseado na história de Maddie. Uma ficção sobre o que poderia ter acontecido.
O mais recente livro do meu amigo Frederico Duarte de Carvalho. Nas livrarias a partir do dia 19 de Março.


segunda-feira, 10 de março de 2008

Melodias


"Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo"
Por absolutamente motivo nenhum. O cd corria no rádio do carro e o "Chega aonde tu quiseres, mas goza bem a tua rota" soou-me a uma imensa verdade.

quinta-feira, 6 de março de 2008

O 22

Cheguei a Vila Real, de Trás- os-montes, por volta da hora de jantar sem qualquer recomendação. Cirandei pela baixa até descobrir um restaurante com comida não plástica. Com um frio desgraçado na rua e com duas opções em vista, entrei na segunda. Despacharam-me. Cheio com vários grupos e blá blá blá. Voltei para a primeira, que tinha sido abandonada por motivo absolutamente nenhum. Ou talvez porque estava mais perto da porta do segundo e o frio empurrou-me lá para dentro.
Visto da rua, dava ares de um restaurante típico. Engano.
Porta de madeira, escada de madeira. Dois lanços de escada e cheguei a um primeiro andar. Senti-me na casa de uma tia velhinha. Dei por mim numa casa. As mesas espalhadas pelas várias divisões. Passei pela divisão onde estava a cozinha (não por dentro, mas perfeitamente visível) e sentei-me numa divisão que poderia facilmente ser uma sala ou até mesmo um quarto, mas que tinha mesas postas e uma família a jantar.
Com uma luz ténue, umas cortinas aos quadrados na entrada daquela divisão, um pequeno móvel no corredor com uma jarra de flores, uma televisão onde passa a bola e um rádio antigo desligado trouxeram-me uma ementa.
Decidi-me pelo lombo com cogumelos e pelo vinho da casa. Veio um jarrinho: branco com riscas azuis dentro de um prato. Veio uma travessa de lombo no forno com couve estufada e batata frita. Não estava bom. Estava divinal. Deitei um olho à vitela do lado e estava com um igual bom aspecto.
Não sobrou absolutamente nada. O estômago ficou saciado e o espírito maravilhado com aquele lugar com um toque de surreal e de uma decadência cheia de classe e bom gosto. Não sei se decadência será a palavra correcta. Não se trata de algo negativo. Trata-se de um lugar por onde o tempo parece não ter passado. Saí da casa da tia velhinha (o Restaurante 22, em Vila Real), desci a escada de madeira, voltei ao frio da rua.

terça-feira, 4 de março de 2008

O sinal

Há um sinal luminoso. Ao lado um sentido obrigatório e por baixo o destinatário desse sinal de sentido obrigatório: "Veículos de transporte de palha".
Bem vindos ao Alentejo!
É assim numa rua que encontrei enquanto andava perdida em Beja

domingo, 2 de março de 2008

"Quero dizer-vos isto outra vez: eu sei que não é fácil. É difícil produzir qualidade numa máquina autofágica, mas ceder à mediocridade é permitir que se aniquile a meritocracia. O homem medíocre nivela pela mediocridade para se reconciliar com a sua insignificância. O homem medíocre sobrevive pela força da autocracia e perpetua-se pelo nepotismo. Haja ou não eleições, o que importa é não desistir "
Adelino Cunha, editorial Focus 435
Muitos aproveitam a partida de alguém para dizer: "tão bom que ele era!". Este não é um desses casos. Mas a justificação é óbvia.
Porque valeu mesmo a pena.
Porque foi bom. Foi mesmo bom.
Porque os medíocres até podem levar a bicicleta, mas não passarão de insignificantes.
Porque, apesar de todas as tretas, crescemos. Fizemos o melhor feito que nos deram espaço para fazer, apesar das tretas. E o resultado, foi bom. Porquê? porque não desistimos. Nunca!
Porque não desisitir é manter a sanidade e não cair na mediocridade de outros.
A ti:
Pelo trabalho que me foi permitido fazer. Pelo que aprendi. Pelo que cresci. Pela capacidade de ouvir e pela capacidade de responder. Por voltar a acreditar que ser-se "o nós" é realmente diferente de ser-se "os outros", sem presunções. Pelo bom exemplo de liderança, de director e de jornalista.
Mas sobretudo por lamentar profundamente que tenha chegado ao fim. Dizem que não há bem que não acabe. Valeu pelo que durou e pelo que se ganha.