segunda-feira, 31 de maio de 2010

Temporariamente desligada



Viva os dias longos de sol. Viva o dolce fare niente. Viva as férias.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O porquinho partiu-se antes do tempo



Portugal é um país de gente bondosa que agora, à força, vai cumprir medidas de austeridade para combater a crise. Mas Portugal também é um país de gente bondosa.
O mesmo homem que hoje veio mandar os portugueses amanharem-se e darem o seu contributo para a salvação da pátria, foi o mesmo que assinou o cheque dos dois mil milhões de euros para doar à Grécia. Porreiro, pá!

terça-feira, 11 de maio de 2010

Vidas



Saí. Por momentos saí de um mundo que conheço, que domino, que é o meu. Saí deste cómodo lugar, destas linhas que encerram um espaço cujas fronteiras estão bem definidas.
Lá fora, há um mundo obscuro, duro de roer, cheio de lugares tortuosos, caminhos sinuosos. E encontrei pessoas que, por necessidade ou por opção, abandonaram o conforto das verdades e entraram num mundo de esquemas, de mentiras, de vícios.
Uma coisa é saber que existe, outra coisa bem diferente é ouvir estas dores da vida antecedidas por um 'eu', uma pessoa real.
Cada uma, da sua forma, tocou. Mas houve uma diferente. Houve uma que mexeu bem lá dentro, abalou as minhas inabaláveis certezas, beliscou algumas convicções. Uma história de sobrevivência, de coragem, uma história de luta. Foi a história de uma mulher. Uma mulher que enfrentou o pior de todos os medos - o da morte - e que para sobreviver recorreu à venda do seu próprio corpo para pagar dívidas, de outros. Ela que das nove às cinco tem um respeitável e bem visto emprego num banco. Ela que para conseguir pagar as suas prestações e a sua sobrevivência e a da filha. Sim, ela despe o fato de executiva para se despir e dar a sua intimidade a um e a outro repetidamente, a troco de uns 50 euros em cada meia hora. Faz isto há mais tempo do que aquele imaginou. Vai-se aguentando, mas não é feliz. Quem poderia ser, nestas circunstâncias?
Mas chega para pagar tudo ao final do mês. e é isto que a faz continuar, continuar, continuar ali naquele quarto, daquele apartamento que alugou para si. Não aguentava mais estar num bordel ali para os lados das avenidas novas onde geriam a sua agenda de clientes de tal forma que não parava mais do que uns escassos minutos entre um e outro homem. Por sua conta, sente-se menos mal.
Depois, veste o seu fato de executiva e regressa à sua outra vida, A sua vida "transparente" onde tem um outro nome.
Não senti nojo, não senti repulsa. Senti um enorme respeito por esta mulher. Respeito por aquilo que é e por aquilo que foi capaz de fazer para honrar os seus compromissos.