terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Balanços



Nas curvas da vida, encontramo-nos sempre. Encontramo-nos nas encruzilhadas. Escorregamos nos mesmos penhascos. Tu salvas-me e eu salvo-te. Agarras-me com aquela força de quem jamais deixaria que alguma coisa me acontecesse. Seguro-te como o meu bem mais precioso. Tu és eu e eu sou tu e quando somos um só deixamo-nos levar pelos balanços. Às vezes, o balanço é mesmo um balançar, e a força não chega, as mãos soltam-se e perdemo-nos. Eu volto a ser apenas eu, tu voltas a ser apenas tu. Os pensamentos ficam desligados, sem sentido. Os ventos não acalmam, os mares batem furiosos, as nuvens estão carregadas de ira... uma ténue chama de uma vela acesa lá longe ilumina os passos incertos e encontramo-nos nas sombras assustadas um do outro. Em pequenos passos, cautelosos e incertos, os nossos dedos enlaçam-se, as nossas mãos, atacadas por uma profunda solidão um do outro, são incapazes de fingir friezas, amuos. É mais sofrido, mais forte, mais meigo, mais sentido, mais intenso. As entranhas mais profundas tocam-se suavemente, envolvem-se, fundem-se. A luta contra as incertezas, dúvidas, medos e mágoas intensifica-se. Mas agora somos dois e sinto-me invencível contigo a meu lado. As nuvens negras vão-se dissipando, o mar é tranquilo como o de uma lagoa, as ventanias são apenas leves brisas. Um e um só.