Alcântara. 3 da tarde. Dois arrumadores.
Um arrumador pintas de calçanito da moda e camisola de manga cava está a bater couro a umas miúdas do norte que perguntaram o caminho para a torre de Belém. Desconfio que o personagem, de cabelo com uma ligeira crista e aquele rabicho no pescoço, estava com uma grande grande pedrada. A falar alto e com uns gestos exagerados - já com elas a quererem afastar-se e certamente arrependidas de ter perguntado qualquer coisa - continuou a dar-lhes dicas: de autocarro, de comboio e até de barco (?).
As miúdas afastam-se e ele faz um comentário másculo para um segurança que está à porta de um supermercado que está mesmo ali sobre as miúdas. No meio disto vaga um lugar ali mesmo em frente e um homem de aspecto de pessoa lá de fora faz as vezes de arrumador assim que há um candidato ao lugar.
Ora, o tuga do calçanito vai lá. "Mas ouve lá, tu põe-te a andar que este sitio é meu". Silêncio do outro lado. "Tu és de onde?" .Silêncio. "Da Lituânia?" . O outro larga um país indecifrável. "Então volta para a tua terra. Este sítio é meu e se te volto a ver aqui parto-te todo". O outro senta-se num banco de pedra. "Sai daqui! já disse! ou queres ver eu partir-te todo. Uma esquerda, uma direita e ficas todo partido!Vai, rápido". Quero ficar aqui no banco sentado. "Só não te parto todo já porque aquele senhor ali [o segurança] me disse para ter calma" - mentira descarada, claro! que o outro nem abriu a boca. "Vá, põe-te a andar lá para a tua terra que este sitio tem dono"
e vim embora.
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1 comentário:
O pintarolas não é mau a geografia. Atirar Lituânia à primeira não está ao alcance de todos ;)
EFP
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