Há vazios assim em que nada entra e nada sai. Vazios sem chão. Vazios sem céu. Não nada de nada nesse vazio. Há essências do que já foi e já não é. Há indicios de outras vidas, em outros tempos, vividas em outros cenários. Foi-se o ar. Foi-se o olhar.
O vazio perdeu-se dentro dele mesmo. Desencontrou-se da porta e da janela. Sufocou dentro de si mesmo. O espaço fechou-se sobre si mesmo. E sobraram apenas os nadas.
Para trás ficaram caixotes de molduras vazias. Onde antes havia os sorridentes, agora caixilhos partidos cheios de tristezas. Já se foi tudo e ficou o silêncio. Não há sussurros, não há passadas apressadas a caminho de sítios, não há risos abafados. Há aranhiços que percorrem as tábuas corridas sem encontrar obstáculos, há lençois brancos a tapar os restos do que ninguém quis.
Há gritos surdos que querem rebentar as frestas, há sombras de quem já esteve mas já não está. Há tralhas soltas pelo meio de bolas de cotão de vidas que já se viveram aqui.
Já foi, não é. Não sei. Não se encontra. Não encontra a porta e a janela debaixo da escuridão em torno do vazio. Não há uma luz, ténue sequer.
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