quarta-feira, 28 de março de 2007

A imagem no espelho


Será que o espelho nos devolve a imagem ou nos dá a imagem que queremos ver?
Acredito, no mais íntimo de mim, que o espelho reflecte aquilo que nos vai na alma. Mostra aquilo que está à frente e aquilo que não se vê, mas que se sente. O meu espelho, aquele para o qual olho quando preciso de me ver e de ver o mundo, é assim como este. Mostra-me aquilo que preciso de ver. Mostra-me o bom e o mau. Mostra-me que o olhar está para além do ver. Mais do que o simples observar, o meu espelho permite-me contemplar. E este meu espelho mostra-me tanto (mas tanto!!!) daquilo que me rodeia. Será que me mostra apenas o que quero ver? Não. Mostra-me aquilo que tenho de ver para além daquilo que às vezes quereria ver.

Frida ferida



Já há muito muito tempo que procurava o filme nas prateleiras dos filmes, mas sem sucesso. Agora veio parar-me às mãos numa daquelas promoções maravilhosas em que oferecem DVD's.
E confirmo o que já tinha pensado: É fabuloso.
O filme, a história original, a interpretação da Salma Hayek.
A história da mexicana Frida Kahlo. A coragem, a força, a inteligência e sobretudo a beleza que a rodeiam. O horror e brutalidade das suas pinturas. A tristeza das circunstâncias e a felicidade de ignorar as ditas circunstâncias.
A história de amor com Diego Rivera, num misto de amor e ódio em que o amor dá uma valente sova no ódio.
Uma verdadeira delicia para o espírito

As palavras de quem diz o que sinto....

Uma noite ouvi pela primeira vez o FMI e não esqueci mais.
Nessa noite fez sentido, agora é sentido.
A diferença entre os dois momentos é que, mais do que nunca, sinto cada uma destas palavras como se alguém tivesse entrado dentro de mim e as gritasse de lá de dentro cá para o mundo.




"(...)

E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viagem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe...

Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar...

Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes, assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou:



Olá camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer, aqui está a minha arma para vos servir. Assim mesmo, por detrás das colinas onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores, as festas e os suores, os bombos de lava-colhos, assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o bater inexorável dos corações produtores, os tambores.

De quem é o carvalhal? É nosso! Assim te quero cantar, mar antigo a que regresso. Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei. Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grandola Vila Morena. Diz lá, valeu a pena a travessia? Valeu pois. (...)"



José Mário Branco - FMI

segunda-feira, 26 de março de 2007

OINC???

E não é que já vendem carvão vegetal em sacos do Sporting, do Benfica e do Porto?????

Dúvidas sobre os grandes portugueses

Dúvida 1
- E não é que Salazar foi mesmo eleito como o grande português de sempre?!?!?!?!?!?!?!?!?!? Bahhhhhhhh que vergonha. Não discuto a importância do senhor, mas que não ele não é o mais maior grande de todos nós, não é mesmo!!!!!!

Dúvida 2
- Como é que o Pessoa ficou lá atrás?
"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No minimo que fazes."

Não percebo!!

Dúvida 3
- Porque é que não havia nenhuma grande portuguesA nos finalistas?

Melancolias



Um chá e um daqueles travesseiros como só há na Piriquita.
De um lado Einaudi, do outro Sophia.
Com os últimos raios de sol a esconderem-se na serra e os pensamentos a voar.
O final de uma tarde, o fim de mais um dia. O inicio do resto de uma vida que quero repleta de muitos muitos, de alguns poucos e dos apenas incontornáveis nadas.

sábado, 24 de março de 2007

Vislumbres


Despido de tudo
Vestido de nada
Obscuridades luminosas
Transparências opacas
Eternidades momentâneas
Vislumbres duradouros
Pedaços de um todo
Únicos em partes
Tudos e nadas que variam entre o luminoso e o opaco em momentos duradouros nos quais o todo será sempre o conjunto das partes.
Despido o vestido, as obscuridades tornam-se transparentes quando os eternos vislumbres em pedaços se revelam únicos.

Valente entrevista

Ontem o senhor-major-presidente de câmara-ex-presidente da liga de clubes foi à TV. Com grande pompa e circunstância Valentim Loureiro, outrora referido como o Major Valentão, foi ao programa "Grande entrevista" na RTP dizer porque motivo seria ilibado de todas as 26 acusações de conhecimento de causa, também chamada de cumplicidade, no caso dos árbitros comprados e etecétera-e-tal.
Não sei se convenceu ou não alguém da sua inocência. No entanto, convenceu que para além de todas as funções que ocupa deveria ter seguido uma profissão qualquer que envolvesse "ter muita lata e capacidade de dar respostas brilhantississimas".
Respostas como: "oh Judite, você às vezes faz com cada pergunta!!" ou como a que deu quando a dita Judite lhe perguntou se se voltaria a candidadar "Posso devolver-lhe a pergunta. Também voltará a ser primeira dama naquela terra da linha?" (confesso que n me lembro da precisão das palavras) são as verdadeiras respostas-maravilha.
Anyway o programa acabou com o desespero da jornalista com ele a falar por cima dela que garantia que nenhuma condição havia sido imposta em troca da entrevista e a falar da isenção que sempre pauta e pautou o programa. Com ele a lamentar-se pelas cento-e-troca-o-passo notícias (sim, ele sabia o número exacto de notícias publicadas sobre ele em jornais, revistas, tv e rádio) que publicaram sobre ele. Falsas, claro está. Com muito blá-blá-blá e poucas certezas. E não. Não convenceu. Pelo menos a mim não me convenceu.

quinta-feira, 22 de março de 2007

quarta-feira, 21 de março de 2007

Até um dia

"Aprende-se a calar a dor
A tremura, o rubor
O que sobra de paixão
Aprende-se a conter o gesto
A raiva, o protesto
E há um dia em que a alma
Nos rebenta nas mãos "

Mafalda Veiga - "Lado (a lado)" - Tatuagens

A primavera

*
E eis que começa a mais bela estação do ano.
Que ela traga novos rebentos
Que ela traga recomeços
Que ela traga risos
Que ela traga sorrisos
Que ela traga paz e serenidade

* Magritte

Adiar ....?

Quando era pequena gostava do dia mundial da criança
Agora, não acredito muito em dias mundiais seja do que for.
Ainda assim, definiram o dia de hoje como o "Dia Mundial da Poesia" e quis partilhar um daqueles poetas que fazem sentido em muitos dias e um poema que me faz sentido no dia de hoje.


"Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração".
António Ramos Rosa

segunda-feira, 19 de março de 2007


Lá longe, lá bem longe,
prende-se o olhar,
prendem-se os sonhos.
A respiração fica em suspenso
O coração pára em suspenso
Tudo aguarda a reacção
Tudo aguarda a retribuição
Lá longe, lá bem longe
há um mundo inteiro
que aguarda um único gesto
para depois continuar a respirar
para depois voltar a sentir o coração

Pérolas do maravilhoso mundo

Pérola 1:
Google news na secção de entretenimento, salienta-se a parte de entretenimento, do dia de hoje tem como abertura de secção:

PSP: alegado agressor em liberdade
Gang apedreja polícia
Acidentes fizeram três mortos por dia na semana passada
PSP cercou bairro para travar bandos de jovens vândalos
Colisão frontal provocou dois mortos no Cartaxo

Viva o entretenimento!!! E depois lá volta serenamente aos festivais de cinema e às últimas sobre filmes, actores e música.


Pérola 2: A propósito do suposto assassinato de Marilyn Monroe. Este não tem nada de errado mas tem a sua graça
Versão homicida do suicídio - Correio da Manhã de hoje

quinta-feira, 15 de março de 2007

Aquilo que não entendo, aquilo que não tolero

"I have dreamt of a place and a time, where
nobody gets annoyed.
But i must admit i'm not there yet but
something's keeping me going

Maybe there's a world that i'm still to find
Open up a world and let me in, then there'll be
a new life to begin

I have dreamt of an open world,
borderless and wide
Where the people move from place to place
and nobody's taking sides

Maybe there's a world that i'm still to find
Open up a world and let me in, then there'll be
a new life to begin"

I've been waiting for that moment to arrise.
All at once the palace of peace will feel my eyes"

Yusuf Islam, ex-gato esteves, An other Cup

Ingenuidade ou parvoíce, pense-se o que se entender, acredito que esse mundo existe. Ou talvez queira apenas sonhar um bocadinho. Crer que há algum lugar em que as pessoas não sejam mesquinhas, injustas, cobardes, cínicas, más, cruéis e, sobretudo, um lugar em que o respeito pelo outro seja um pequeno grande pormenor. Quero crer que não é pura imaginação. Quero crer que não é apenas um sonho.

Entendo a maldade como uma grande fraqueza daqueles que não têm nada de bom para dar e que, por isso, se escondem cobardemente atrás do poder. Entendo que é impossível que alguém seja realmente feliz sendo tal pessoa.

Entendo o cinismo como uma tremenda falta de personalidade. E não tenho paciência para lambe-botas que moldam o carácter ao formato das circunstâncias.
Entendo a mesquinhice como reveladora de um espírito pequeno e tacanho.

Entendo a falta de respeito como uma das piores coisas que existem. Se se falar em esferas de liberdade, considero que a minha liberdade acaba onde começa a do outro. Da mesma forma, considero que o respeito por mim própria só pode existir a partir do momento em que respeito os outros. Tolero aqueles que mesmo que não se respeitem a si próprios, respeitam os outros. E (confesso a minha limitação) só consigo considerar alguém que se respeita não só a si próprio, como também que respeita os outros.

Abomino injustiças e não suporto que se desrespeite a dignidade de ninguém. Sinto um aperto, uma mágoa e um desconforto imensos cada vez que lido com tudo isto.

Recentemente, descobri que o mundo está repleto de pessoas assim. E fiquei triste. Profundamente triste. Talvez todas as linhas acima sejam parvoíce, talvez pareça presunçoso. Não sou melhor do que ninguém, apenas vejo a vida assim e sinto-me feliz e tranquila comigo mesma. E, por isso, continuo a sonhar com um mundo em que cada um é feliz por si mesmo, sem passar por cima de ninguem, sem atropelar ninguem. Se calhar, esse mundo não existe mesmo e se calhar, por causa de todas estas parvoíces terei dissabores ao longo de muitos e muitos anos. Mas recuso-me a desistir dessa crença de que o mundo de que fala o Cat Stevens existe algures. Mais, acredito que o encontrarei, um dia.

terça-feira, 13 de março de 2007

momento de constatação do óbvio

Há umas semanas divaguei sobre o fecho das urgências e blá blá blá

Eis que agora surge o hábil movimento capitalista: abrir clinicas privadas nos locais onde se fecharam os locais que antes mantinham os sap's a funcionar como urgências. Viva a eficiência do serviço (muito pouco) nacional de saúde!!! Xaran ! que mais dizer a este plano da galinha dos ovos de ouro?!?!?! Ainda bem que existe iniciativa privada. Ainda bem que a iniciativa privada chega à saúde. Ainda bem que a saúde privada vem corrigir as falhas que existem no SNS. Ainda mal que nem todos possam pagar as consultas privadas. Para esses, a solução há-de chegar. Um dia, sem pressas. Quiçã, algum dia alguém algures se lembre de reformular a rede de transportes de urgências e quiçá o inem passe a achar, um dia, que tem qualquer coisa a ver com a reorganização das urgências. Mas não há pressa. Um dia, um dia......

......sunset


The perfect sunset will always be that one we have never seen in that place we were once.
Any way this one shines inside here

terça-feira, 6 de março de 2007

O toque....


Porque é tudo
porque é maravilhoso

A cegonha traz um desejo


Em Portugal, a infertilidade atinge cerca de meio milhão de pessoas.
A cada ano estima-se que existam 10 mil novos casos.
Há 23 locais, entre públicos e privados, aptos para tentar solucionar esta doença.
Há 23 locais onde se "fabricam bébés" e se dá forma aos desejos de quem está disposto a vencer os obstáculos da própria natureza.
Mas esta doença ainda é "vivida em surdina" como alguém me dizia há dias.
Quem sofre desta doença tem de "pagar" para ter um filho.
Quem tem esta doença é capaz de tudo por uma tentativa.
O "preço que se paga" por este sonho é muito maior do que qualquer custo.
É dizer não às vontades e desejos para não se ouvir mais nenhum não, para não enfrentar mais nenhum teste negativo.
É abdicar da mais intima privacidade em nome de um querer maior do que todos os outros.
É lutar para depois poder amar
E por isso, é preciso de deixar de ver estas pessoas como coitadinhas. Não, não o são.
Têm os mais variados motivos para o serem. Mas não o são.
O estado continua a não comparticipar os medicamentos, sendo que a cada novo tratamento os custos podem estar entre os 750 e os 1000 euros. Se for feito numa clinica privada há que pagar os tratamentos cujos preços variam entre os 1000 euros se se falar numa inseminação artificial e os 5 mil euros numa fertilização in vitro. As companhias de seguros não cobrem as despesas dos tratamentos de infertilidade. Um luxo, dizem. Cruel, digo eu.
Mais, para além dos obstáculos económicos há os psicológicos.
Há o sofrimento que se segue a cada tentativa falhada. Há a dor de querer e não poder ter.
São aquelas pessoas para quem as birras quando nascem os dentes e as noites sem dormir soam a algo de maravilhoso.
Por tudo isto, estas pessoas são fortes e determinadas. Sabem o que querem e lutam. Lutam e vencem sempre. Algumas têm a felicidade de poder ver a palavra positivo outros descobrem apenas que o amor que têm um pelo outro é capaz de tanto e tanto.
Há lutas que valem a pena e esta é a mais valiosa de todas elas.Afinal estamos a falar do mais elementar desejo de quem ama: fazer crescer esse amor até um filho.
Digo eu , porque vi, que quem consegue alcançar este seu desejo tem um brilho especial no olhar.

Amor e uma banana =P


Se tiverem uma cabana é bom, se tiverem uma banana melhor ainda, se tiverem amor é perfeito. São muito muito lindinhos e fofos =)))

sábado, 3 de março de 2007

=)

......porque o mundo é oco e eu vou tocar o céu

quinta-feira, 1 de março de 2007

Divagações


Eis Magritte ....tal como prometido num dos seus melhores e mais bonitos momentos pintados.
É doce, é belo, é maravilhoso.
As palvras ficam mudas,
O olhar fica cego
Os sentidos são despertados para um terreno terno
A alma aquece ante a imagem de perfeição
O surreal da coisa está lá,
mas o mais surreal é o encantamento que transmite.
É frágil, é triste, é forte
Faz a mente perder-se nas memória passadas
Torna o passado melancólico
Faz o futuro parecer distante
E tudo o que importa é apenas o presente
O momento
O instante
Este agora
Este já
Este imediato
E depois o fulgor entorpece
E chega a tranquilidade, a doce serenidade, a paz de espírito
É paixão, é o coração aos pulos, é sorriso
E depois é romance
É o coração quente
É arrepiante
É apenas e só esse silêncio gritado
Essas borboletas na barriga
É surpresa, inesperado, reconfortante

Tira o fôlego

É imenso
É tudo e quase nada
É eterno e efémero
É provável e duvidável
E é muito, mas mesmo muito belo, muito doce
É enquanto existir e, se for para sempre, será para sempre maravilhoso