quinta-feira, 15 de março de 2007

Aquilo que não entendo, aquilo que não tolero

"I have dreamt of a place and a time, where
nobody gets annoyed.
But i must admit i'm not there yet but
something's keeping me going

Maybe there's a world that i'm still to find
Open up a world and let me in, then there'll be
a new life to begin

I have dreamt of an open world,
borderless and wide
Where the people move from place to place
and nobody's taking sides

Maybe there's a world that i'm still to find
Open up a world and let me in, then there'll be
a new life to begin"

I've been waiting for that moment to arrise.
All at once the palace of peace will feel my eyes"

Yusuf Islam, ex-gato esteves, An other Cup

Ingenuidade ou parvoíce, pense-se o que se entender, acredito que esse mundo existe. Ou talvez queira apenas sonhar um bocadinho. Crer que há algum lugar em que as pessoas não sejam mesquinhas, injustas, cobardes, cínicas, más, cruéis e, sobretudo, um lugar em que o respeito pelo outro seja um pequeno grande pormenor. Quero crer que não é pura imaginação. Quero crer que não é apenas um sonho.

Entendo a maldade como uma grande fraqueza daqueles que não têm nada de bom para dar e que, por isso, se escondem cobardemente atrás do poder. Entendo que é impossível que alguém seja realmente feliz sendo tal pessoa.

Entendo o cinismo como uma tremenda falta de personalidade. E não tenho paciência para lambe-botas que moldam o carácter ao formato das circunstâncias.
Entendo a mesquinhice como reveladora de um espírito pequeno e tacanho.

Entendo a falta de respeito como uma das piores coisas que existem. Se se falar em esferas de liberdade, considero que a minha liberdade acaba onde começa a do outro. Da mesma forma, considero que o respeito por mim própria só pode existir a partir do momento em que respeito os outros. Tolero aqueles que mesmo que não se respeitem a si próprios, respeitam os outros. E (confesso a minha limitação) só consigo considerar alguém que se respeita não só a si próprio, como também que respeita os outros.

Abomino injustiças e não suporto que se desrespeite a dignidade de ninguém. Sinto um aperto, uma mágoa e um desconforto imensos cada vez que lido com tudo isto.

Recentemente, descobri que o mundo está repleto de pessoas assim. E fiquei triste. Profundamente triste. Talvez todas as linhas acima sejam parvoíce, talvez pareça presunçoso. Não sou melhor do que ninguém, apenas vejo a vida assim e sinto-me feliz e tranquila comigo mesma. E, por isso, continuo a sonhar com um mundo em que cada um é feliz por si mesmo, sem passar por cima de ninguem, sem atropelar ninguem. Se calhar, esse mundo não existe mesmo e se calhar, por causa de todas estas parvoíces terei dissabores ao longo de muitos e muitos anos. Mas recuso-me a desistir dessa crença de que o mundo de que fala o Cat Stevens existe algures. Mais, acredito que o encontrarei, um dia.

Sem comentários: