terça-feira, 6 de março de 2007

A cegonha traz um desejo


Em Portugal, a infertilidade atinge cerca de meio milhão de pessoas.
A cada ano estima-se que existam 10 mil novos casos.
Há 23 locais, entre públicos e privados, aptos para tentar solucionar esta doença.
Há 23 locais onde se "fabricam bébés" e se dá forma aos desejos de quem está disposto a vencer os obstáculos da própria natureza.
Mas esta doença ainda é "vivida em surdina" como alguém me dizia há dias.
Quem sofre desta doença tem de "pagar" para ter um filho.
Quem tem esta doença é capaz de tudo por uma tentativa.
O "preço que se paga" por este sonho é muito maior do que qualquer custo.
É dizer não às vontades e desejos para não se ouvir mais nenhum não, para não enfrentar mais nenhum teste negativo.
É abdicar da mais intima privacidade em nome de um querer maior do que todos os outros.
É lutar para depois poder amar
E por isso, é preciso de deixar de ver estas pessoas como coitadinhas. Não, não o são.
Têm os mais variados motivos para o serem. Mas não o são.
O estado continua a não comparticipar os medicamentos, sendo que a cada novo tratamento os custos podem estar entre os 750 e os 1000 euros. Se for feito numa clinica privada há que pagar os tratamentos cujos preços variam entre os 1000 euros se se falar numa inseminação artificial e os 5 mil euros numa fertilização in vitro. As companhias de seguros não cobrem as despesas dos tratamentos de infertilidade. Um luxo, dizem. Cruel, digo eu.
Mais, para além dos obstáculos económicos há os psicológicos.
Há o sofrimento que se segue a cada tentativa falhada. Há a dor de querer e não poder ter.
São aquelas pessoas para quem as birras quando nascem os dentes e as noites sem dormir soam a algo de maravilhoso.
Por tudo isto, estas pessoas são fortes e determinadas. Sabem o que querem e lutam. Lutam e vencem sempre. Algumas têm a felicidade de poder ver a palavra positivo outros descobrem apenas que o amor que têm um pelo outro é capaz de tanto e tanto.
Há lutas que valem a pena e esta é a mais valiosa de todas elas.Afinal estamos a falar do mais elementar desejo de quem ama: fazer crescer esse amor até um filho.
Digo eu , porque vi, que quem consegue alcançar este seu desejo tem um brilho especial no olhar.

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