Parti para a Lituânia cheia de expectativas e receios.
Lá, em Siauliai (que se diz Chau lé) encontrei uma realidade diferente da que esperava. Numa cidade em que ainda há aquelas coisas que só se vêem nos filmes e gangs e espionagens e afins, em que o estilo dos arquitectos ainda é o da mãe-rússia e em que elas e eles são maioritariamente loiros (e altos para burro!!!). Eis-me chegada ao leste da europa.
Foram 12 dias entre a cidade e base aérea. Depois da resistência inicial senti-me mais um deles. Entre o QRA, a sala de café, a messe e os aviões falei com quase todos os 68 homens da FAP (Força Aérea do Pinhal, dizem) que por lá estavam. Aprendi montes de coisas sobre aviões e mais ainda sobre relacionamentos humanos. Senti-me em missão, certamente numa diferente da deles.
Á tarde, o ritmo era semelhante ao da manhã. Ao longo dos dias deu para cuscar todas as tendas e todos os cantinhos. Num lugar em que os russos estiveram antes da independência. Aqueles hangares enormes e imponentes onde guardavam os Mig’s deles. A neve à volta. Uhmm. E depois chegava à hora de voltar para a cidade. Autocarro às cinco. Voltava para o sotão da Tia Alice (que é como quem diz: para o nosso quartinho simpaticamente colocado no último andar do hotel) que era sobretudo quentinho. No tempo morto recuperavam-se forças, aqueciam-se os pés e trabalhava-se um bocadito ali no conforto do lar (=P).
Hora de jantar: dois bons locais e pouco mais. Esta foi a conclusão de algumas verdadeiras experiências menos boas!! Retro ou Capitonas Morganas (que se escreve de uma maneira totalemente diferente). Um e outro bastante razoáveis, mas sempre com a mesma dificuldade: a de comunicação! Á conta deste pequeno pormenor pedimos algumas coisas que só de chegarem à mesa percebemos de facto o que era, e comemos uma entrada como saída. O inglês falado é manhoso, o escrito pior ainda. Viva os gestos! viva o apontar! (claro que depois há que ter o cuidado de apontar pela ordem que se pretende que venha para não comer saídas ao invés de entradas =P). E depois, rumavamos a quê? Ao hotel dos nossos amigos em busca da preciosidade que é o café português!!!!!! Nada como um Deltazinho enquanto nos ligamos ao mundo graças à tecnologia maravilhosa que é o wireless.
Á noite, no Martini – uma disco night (e confesso que se limitou a uma única noite em que posso apenas ter tido a sorte de assistir ao fenómeno) vi a verdadeira noite lituana. Num espaço decorado à moda dos 80’s, o povo dança ao som de êxitos dessa época. Grandes swings, movimentos ritmados (e exagerados à brava), tal e qual o Grease da Olivia Newton-John e do John Travolta. Pelo meio, o senhor que comanda a música (cá designado por DJ e lá por algo indizível) vai dizendo algo que “eles” certamente entendem. Em menos de nada a pista fica vazia e os casalinhos dançam o slow também dos oitentas para não fugir ao estilo. E acaba e lá voltam os grandes êxitos. Ora, e eis senão quando, depois de mais umas frases gritadas lá pelo “Djevski” aparecem umas cadeiras em palco seguidas por umas meninas em trajes menores (não, não era um bar de strip. É mesmo uma coisa normal segundo dizem). E os trajes vão ficando um pouco menores e desaparecem. E pronto, segue para bingo e volta tudo para o meio da pista para curtir o sound.
E fui ver o Báltico. Num belo domingo de chuva, ainda de madrugada, fomos até à linha de Costa. Um dia é curto, mas como isso tem de chegar porque os alertas não dão tempo para mais, foi uma visita rápida. Em Klaipeda apanhámos o barco para Nida e fomos ver a ilha de Nida (que só é considerada ilha por estar dividida. Na verdade é uma peninsula que sai de Kaliningrado). Enquanto esparavamos pelo autocarro para a outra ponta da “ilha” tivemos tempo não para mergulhar (senão morreríamos congelados), mas para molhar os dedos no mar báltico. Lá fomos até ao nosso destino e sem tempo para almoçar acabamos por “piquenicar” as compras que fizemos no supermercado lá do sítio.
Ainda que não tenha sido por um período de tempo exagerado. Senti as saudades de casa, da minha familia, dos meus amigos mais queridos, do meu carro e de sushi. O tempo escuro, (às cinco da tarde é noite cerrada), os sapatos sempre humidos, a neve e o frio de rachar assim que se levantava o ventinho fizeram-me dar valor a algumas coisas que estavam um pouco esquecidas. Fizeram-me pensar naquilo que é realmente importante e naquilo que é menos importante. Vim mais lúcida, i guess.
Foi uma excelente experiência de trabalho e uma vivência maior ainda.
Valeu a pena? Valeu certamente mais que isso.
5 comentários:
Há grandes vidas uns têm-na, outros gostavam de ter.
Pelo que dizes, passaram-se 12 diazinhos e não 12 dias. "Sabeu" a pouco? Assim parece, mas foi o tempo certo para assegurar mais um pequeno espaço. O teu espaço, a tua lição.
hello linda CJ...
e escrevo CJ com maiusculas porque te recebemos pekenita mas rapidamente te encontrá-mos realmente do teu tamanho... grande.
foi com grande prazer que partilhá-mos contigo o nosso mundo !!! nao se trata de aprender liçoes aquilo que viste é apenas outra vida, a nossa.
o nosso mundo é uma coisa especial para nós e é com grande alegria que te relembramos pois soubeste tocarnos a todos com aquele teu ar de quem está ali pra nao "xatear"... mas a realidade foi outra pouco tempo depois de começares por ali a deambular.
passas-te a pertencer aos nossos dialogos, a entender os nossos codigos, a entrar nas nossas rotinas... tu e o teko !!!
por tudo isto a maltinha da naçao tuga, os tugaBoys fossem eles arrastoes ou caças te olham com respeito e admiraçao tenho a certeza.
parabens e obrigado por teres atravassado as nossas vidas.
P.S. 1) a malta vaz uma vénia aquelas do:- "guardiões do templo", - "ás Caló news", - "SpaceBoy"
2) pessoalmente estou a pensar processar-te por causa das perguntas que quase me fizeram trazer ao mundo uma lagrimazita a 3000 km de casa ;P
ahahhaah,from Lietuva with lessons learned and miauuuuuu
Love it
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