A colecção do senhor Berardo (ou Bernardo, para algumas pessoas) é fixe.
Dispensava-se a fila de tugas à porta para entrar, uma fila que fazia um "L" atrio do CCB e outro "L" já dentro de portas. Dispensava-se andar a espreitar por cima das cabeças (o que no meu caso não é, de todo, tarefa fácil) para ver uma ou outra peça.
No entanto, confesso que fiquei impressionada com a quantidade de peças que o senhor da Madeira (e do Benfica, e da PT, e do BCP e do BPI e por aí fora) juntou, com a qualidade de algumas das obras, com a diversidade que ali está naquelas paredes e mais que tudo surpreendida com o bom gosto daquele espécie de homem cheio da massa e cheio de falta de quase tudo. Quer dizer..... acredito que há volta dele haja quem tenha bom gosto para usar o dinheiro dele.... Opiniões sobre o senhor à parte, gostei.
As estrelas da companhia têm o traço do Picasso, mas não é o mais impressionante. A zona da poparte e companhia está encantadora com os seus Warhol(s); o porta garrafas do Duchamp impressiona não por ter algo de especial, mas por aquilo que se lhe seguiu e pela assinatura do senhor mm ali à frente; o fabuloso Portrait of Jacqueline de Schnabel feito de peças de louça em pedaços; o Celeiro da Paula Rego que é, certamente, a primeira obra dela para a qual olho e gosto; os instantes captados pela câmara da Cindy Sherman; a poesia do Fernando Lemos em forma de fotografia; e claro o motivo da minha ida tão rápida lá: O Abismo Prateado do Magritte- que arrepio na espinha estar ali a meio metro. Acho, sobretudo, que é uma exposição com surpresas, pontuada de pequenos tesouros aqui e ali.
Há também o lado oposto: o não perceber o que raio alguns objectos, que ali conquistaram lugar, têm de arte, a falta de beleza de algumas das peças e há acima de tudo e mais qualquer coisa "um incrível problema de moldura". O que raio faz uma moldura de madeira com umas flores manhosas a emoldurar um Vieira da Silva ???????????????????????????????? onde é que ainda se usam pequenas molduras em tons de metal dourado à volta seja do que for? Pois....Mas, contas feitas a uma tarde quase inteira de sábado, acho que valeu a pena. Claro que a passagem pela Portugal Rural e a Tosta de Alheira com Beringela e Alecrim acompanhadas pela limonada com hortelã foram uma preciosa(e deliciosa!!) entrada para apreciar a coisa como deve de ser.
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