quarta-feira, 30 de maio de 2007

Mal e Bem



Porque a vida é isto mesmo:
é dar trambolhões e saber levantar;
é enfrentar o mau para se entender o que é o bom;
é chorar para depois poder sorrir e um dia mais tarde, quiçá, rir.
Acredito que tudo o que de mau acontece é uma verdadeira (e muitas vezes dura) lição para que se saiba o que vale ou não a pena, para que não se cometa o mesmo erro mais do que uma vez e para que se seja uma pessoa melhor (ou pelo menos "não-pior") e de certeza mais forte e menos parva. As cabeçadas que dei nas duas décadas e troca-o-passo que por aqui ando têm-me servido precisamente para isto. Dói. Dói muito.

*

"Tu tens que estar sempre atento
Se queres sobreviver
Tens de saber travar
Não basta saberes correr
E quando deres por ti na rua errada
Não percas tempo a tentar disfarçar
Apressa-te a encontrar a rua certa
A vida é uma enorme encruzilhada
E qualquer um se pode enganar
Tu tens que ser muito rápido
Senão vais-te afundar
Tens de saber cair
Se é que te queres levantar
E quando tiveres monstros na cabeça
Não penses mais nisso
Há tanta coisa gira para fazer
Não te esqueças que tu és o que tu pensas
Um pensamento feito é como um cancro
Se o guardas, ele não para de crescer
Mal e bem
Estamos sempre a mexer
Mal e bem
A ganhar e a perder
Mal e bem
Agora a subir, mais logo a descer
E o que está mal neste instante
Pode estar bem a seguir
(...)

Tens de trazer a cabeça
Bem junto ao coração
Que é para poderes saber
Qual é a tua missão

Tudo o que se passa à tua volta
Está bem ligado ao fundo do teu ser
Tivemos tanta gente à espera
De frutos que afinal, eles não merecem
Quem não semeia, não tem direito a colher

Mal e bem
Estamos sempre a mexer
Mal e bem
A ganhar e a perder
Mal e bem
Agora a subir, mais logo a descer

E o que está mal neste instante
Pode estar bem a seguir

Só mais um beijo
Antes de eu me abrir
Só mais um beijo
Antes de eu partir"

Mal e Bem - Jorge Palma
*Salvador Dali

sábado, 26 de maio de 2007

O espelho


"Não sinto o espaço que encerro

nem as linhas que projecto

se me olho a um espelho

não me acho no que me projecto"

Mário Sá Carneiro





Por vezes, olho-me ao espelho e não me reconheço naquilo que projecto. Aquilo que ele me devolve é uma imagem que varia entre a familiaridade e a estranheza. Quem é aquela imagem que ali está? quem é aquela pessoa? O que está dentro desse eu que ali está delineado?
Pergunto-me muitas vezes quão bem me conheço a mim mesma e quantas mais vezes irei perceber todos os dias me vou conhecendo e muitas vezes surpreendendo. Por isso, o espelho devolve-me uma imagem de mim que nem sempre reconheço.Por isso, as linhas que projecto têm tons, texturas e formas tão variáveis. E que delicioso é ir-me conhecendo e testando aquilo que penso ser e aquilo que descubro que não sou, E é nesta inconstância de "eu's" que me vou encontrando e que vou percebendo o que quero da vida.

domingo, 20 de maio de 2007

The wedding

A vida por vezes surpreende-nos. As pessoas muitas vezes surpreendem-nos. Encontra-se a beleza e o brilho nos pequenos gestos e nos momentos mais bonitos.
Ela a deslizar pela passadeira até ao altar onde ele a espera em passadas nervosas de um lado para o outro. De mãos dadas proclamam um sim que tem o sabor de um amor imenso e de uma eternidade que se vai construindo de momentos como este. Daqui de onde estou vejo muito mais do que uma igreja. Vejo o início de uma vida em conjunto, vejo mais um passo e imagino outros tantos. Sinto o coração a encher-se de orgulho e de amor. Vejo o meu maninho como nunca imaginei ver e vejo-o realmente feliz. Vejo a minha maninha com um brilho no olhar que ilumina tudo à volta. E hoje sei que este será um dia que jamais esquecerei, será um dia que me fará acreditar que o amor verdadeiro é possível e que há almas que só fazem sentido juntas. Sei que é precisamente esta raridade que torna este momento tão, mas tão, maravilhoso. Amo-vos com todo o meu coração e, apesar de não saber explicar o porquê, a cada vez que me lembro do vosso sorriso e vos vejo juntinhos sinto que vos amo ainda mais e mais com um interminável carinho.
12 de Maio de 2007

sexta-feira, 18 de maio de 2007

O beijo


Hoje (talvez pelo adiantado da hora ou pela disposição ou pela falta dela ou por um qualquer motivo óbvio de que eu obviamente não me recordo) deu-me para vaguear, para partir por aí e não parar senão em lugar algum, onde vive apenas ninguém e onde há somente nada. Gozando um vazio que por vezes é o único consolo da alma e outras o seu maior alivio.
E porque não alguns momentos bonitos em que se junta a beleza da imagem com a mais pura das definições?

Por todos os beijos que dei ao longo da vida, por todos os beijos que não devia ter dado e por todos os beijos que quis dar e não dei












"Um beijo. Afinal de contas, o que é um beijo?
Um juramento feito um pouco mais perto, uma promessa mais precisa, uma confissão que quer confirmar-se, uma letra cor-de-rosa que se põe no verbo amar.


É um segredo que substitui a boca pelo ouvido, um momento de infinito que faz um zumbido de abelha, uma comunhão com gosto de flor, uma maneira de se respirar, um pouco de coração e de se saborear, na ponta dos lábios a alma"


Esta foi a descrição mais bonita que ouvi. É assim que se sentem os beijos quando são de verdade. É assim que fazem sentido...quando são sentidos dessa forma. É essa inexistência de mundo e de tudo em que nada mais importe para além desse beijo. Era assim que deveriam ser todos os beijos. É assim, tão simplesmente assim.


( Imagens: Rubens Gerchman; Renée Magritte, Robert Doisneau, Renée Magritte e Gustav Klimt)

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Lados e lados


"Há gente que espera de olhar vazio
na chuva, no frio, encostada ao mundo
a quem nada espanta nenhum gesto
nem raiva ou protesto
nem que o sol se vá perdendo lá ao fundo
há restos de amor e de solidão
na pele, no chão, na rua inquieta
os dias são iguais já sem saudade
nem vontade aprendendo a não querer mais do que o que resta

e a sonhar de olhos abertos
na paragens, nos desertos
a esperar de olhos fechados
sem imagens de outros lados
a sonhar de olhos abertos
sem viagens e regressos
a esperar de olhos fechados outro dia lado a lado

há gente nas ruas que adormece
que se esquece enquanto a noite vem
é gente que aprendeu que nada urge
nada surge porque os dias são viagens de ninguém
a sonhar de olhos abertos
nas paragens, nos desertos
a esperar de olhos fechados
sem imagens de outros lados a sonhar
de olhos abertos sem viagens e regressos
a esperar de olhos fechados outro dia lado a lado
aprende-se a calar a dor a ternura, o rubor
o que sobra de paixão
aprende-se a conter o gesto
a raiva,
o protesto
e há um dia em que a alma nos rebenta nas mãos"

Mafalda Veiga - Lado (a lado)
Porque é demasiado bonito: a música, a melodia, os versos e o que se sente quando se ouve

O cartaz em Sintra

Algures perdido numa rua de Sintra estava o seguinte cartaz (repetido duas vezes):

"ESPLANADE
Drinks, Foods and Port Wine"

Vivas às traduções livres de português-inglês eheheh

terça-feira, 15 de maio de 2007

Pequenas trivialidades quotidianas

Momento 1 - O parque de estacionamento

Ontem fui ali até à zona da Sé, em Lisboa, e como tenho a mania que os lugares estão sempre à porta à minha espera, lá fui eu. Mas não estava nenhum à minha espera. Comecei a subir em direcção ao castelo e lá me apareceu um recém estreado parque subterraneo da Emel, já quase na Graça. Bom, nada de estranho. Lá fui eu, tinha uma cancela daquelas com uns sensores fixes que se aproxima o carro e elas abrem sozinhas e eis que me deparei com o GRANDE problema: à frente da cancela havia dois portões fechados (?!?!?!?).
Aproximei-me e eis que vejo a seguinte inscriçao:"Carregue no botão vermelho se não há seres vivos dentro do veículo". uhmmmmmmmmmmmmmm Ora, os meus cabelos loiros falsos já não ajudam, mas isto confundiu-me. Será que eu conto como ser vivo? e se conto quer dizer que n posso estar dentro do carro? e se n posso estar dentro do carro como é que ele vai para a garagem? e se ele n vai para dentro da garagem com é que se estaciona?
Estava eu a tentar perceber isto tudo e a começar a inverter a marcha e bazar dali, daquele sitio esquisito, quando se aproxima o "senhor" lá do sitio que se revelou uma ajuda preciosa para a menina. Ora, eu explico: aquele parque é uma coisa muito à frente.
A manobra é a seguinte: tem de se aproximar o carro bem juntinho ao portão, ele abre automaticamente, conduz-se o carro até um elevador, sai-se do carro, recolhe-se os espelhos, tranca-se e sai-se portão fora. Aí sim, carrega-se no botão vermelho - porque já não há, de facto, nenhum ser vivo dentro do carro - depois carrega-se no botão verde para sair o bilhete do parque e o portão fecha. Eh pá, confesso que fiquei a pensar para onde iria o meu querido carrinho, se o voltaria a ver, se quando o chamasse ele me ouviria lá nas profundezas e se voltaria mesmo o meu ou outro carro.
Umas horas depois meio a medo aproximei-me de novo do parque e fui perceber como é que o chamava. Depois de pagar pus o bilhetinho numa máquina e não é que ele veio mesmo ter comigo?


Momento 2 - A ida ao supermercado

Devido a uma inexplicável ausência de porcarias pouco saudáveis na despensa cá de casa decidi ir até ao supermercado. Primeira paragem: bolachas. Segunda, e interessante, paragem: iogurtes. Já alguém terá reparado na quantidade de modelos que há? No tempo em que eu era criança havia de morango, banana, natural e pouco mais. Agora há coisas como iogurte de lichia, iogurte de pessego e chá branco, frutos tropicais e jindungo, morango chocobits e chili (?!?!?!?). Comecei a sentir a minha velhice em frente às prateleiras dos iogurtes =/

Momento 3 - Descobertas de Estado

Os meus "amigos" gatos ajudaram-me a definir o meu estado relativamente à religião cristã. Vivo em "ambiguidade teológica" eheheheh mais ou menos um "extremo centro"

quinta-feira, 10 de maio de 2007


Porque

Porque esses outros são uma maioria e não uma infima parte. Porque há mais desses outros do que daqueles tu's raros e preciosos.


"Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não."

Sophia de Mello Breyner

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Seven


São sete os pecados mortais. Destes, padeço de uns quantos. Mas como são doces estes pedaços de pecados... A lúxuria feita de exuberância e sensualidade. A vaidade feita de pequenas futilidades mundanas. A preguiça envolta num molengão dolce fare niente. A gula feita de provocações vindas de iguarias. A avareza vinda das pequenas maldades quotidianas. De parte deixo a vingança e a inveja que apenas destroem e magoam.

One more... =P

O mundo desportivo foi brindado com uma nova modalidade: o triALTO

sábado, 5 de maio de 2007

O presidente apareceu na TV à hora do jantar.Os minutinhos de fama do senhor presidente da capital



E o senhor que manda em Lisboa enganou o senhor baixinho que manda no PSD.
Depois de um belo discurso repleto de auto-coitadinhice, de acusações aos bichos feios gordos e maus dos jornalistas que o julgaram injustamente nos jornais, depois de uma lista de feitos maravilhosos conseguidos pelo próprio ao longo do mandato, depois de dizer que os meninos que jogam à bola com ele no partido não apoiaram o menino que joga na mesma equipa mas que está de branco e não de laranja, depois de uma narrativa cuidadosamente ensaiada no passado e que fazia prever que o final seria o esperado, depois da cara e pose de funeral dos senhores vereadores, depois de encarnar o papel do puto lá do bairro que leva porrada de todos porque é magricela e depois de saltar do bolo e dizer "Surpresa!"... depois de tudo isso chegou o momento da apoteose "ahaha queria que eu fosse embora mas eu não vou. Toma, toma, toma". Acredito mesmo que até tenha havido, no imaginário do senhor, um deitar a lingua de fora e tudo.

Bem, a verdade é que surpreendeu mesmo. Dei por mim de boca aberta. Não cheguei ao ponto de estar a babar e essas coisas, mas confesso que achei uma certa graça a este momento politico-embaraçoso-heroico-do-contra. O senhor baixinho ficou com o melão, os senhores que se estavam a fazer ao cargo ficaram confundidos e ele teve uns minutitos de fama na abertura de todos os telejornais. Serviu para alguma coisa? Bem, pelo menos para o ego se calhar sim.
Acusam-no de estar "agarrado ao poder", de ser trafulha, de ter adormecido na cadeira da presidência e de não estar a dar a liberdade aos lisboetas para votar e muitos blá, blá blá

Bem, resta esperar para ver os proximos episódios da novela. por agora, ficam umas piaditas que circulam por aí


Alternativas à senilidade


Eis a melhor solução para a salvação do estado mental de qualquer ser humano:
Em vez de dar cabeçadas em postes azuis será certamente melhor rebolar a rir no chão;
Em vez de dar importância aos disparates será melhor usar os disparates para criar piadolas;
Em vez de tentar explicar seja o que for será melhor partir do princípio de que qualquer que seja a explicação (mesmo que seja em forma de desenho) não será entendida e que isso pode ter graça.
Em vez de sentir aquela irritação incontornável será muitissimo certamente melhor ter todos os dias uma nova pérola para partilhar com quem importa
Em vez de tudo fazer muitas caretas feias ehehe
E por falar em caras feias e em partilhar. Eis que aqui vai:
Sabem qual é a melhor maneira de uma pessoa que não sabe italiano conseguir ler e entender um texto em italiano? É ler em voz alta. Segundo algumas pessoas faz milagres. Entende-se logo tudo num ápice. para quê cursos de línguas, que coisa tão tonta. E agora experimente-se lá com os caracteres chineses... ah pois é!! é um instantinho
A maior causa de irritação na minha vida está a tornar-se um verdadeiro tesouro para a minha secção dos "tesourinhos deprimentes"

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Frescas e más. Muito más.

BOLETIM DA CASERNA

Hoje, dia igual a tantos outros, Alcatraz recebeu novas vindas dos céus. Em declarações exclusivas para o maravilhoso mundo ranhoso, disse-se: "Acabaram-se os desperdícios. Jamais faremos parte daqueles que desaproveitam os bens. Lutaremos pelo bem do planeta e pela salvação do meio ambiente. Por isso, acabaram-se as reproduções em papel daquilo que aparece no ecrã (vulgo: impressões). Desliguem-se as máquinas". E assim foi. Desligaram. Os operários da fábrica de chouriço obedeceram. (..... por breves minutos!).*

* Ou seja:
- oh tu aí..... para que é que serve aquela coisa ali ao lado da minha televisão.
- Qual televisão senhor?
- Aquela ali!!!
- Ahhh.. o computador.... Está a falar da impressora, senhor?
- Da quê? ahhh está a falar daquela coisa que de vez em quando cospe folhas de papel?
- .....Pois senhor, se calhar... não sei......
- Bah aquilo não serve para nada!!!!! leve-a daqui.
- Mas senhor, todos os computadores têm uma, às vezes faz falta.
- O quê??????????? TODOS???????? Não quero mais cuspidoras de folhas dentro do meu lado da batalha naval. Tudo fora. Tudo.
- Entao, mas...
- Mas nada! Quero um exterminio total dessas mal-educadas das cuspideiras agora já imediatamente
- Se não fosse eu a zelar pelo bem dos meus meninos e meninas quem é que havia de o fazer?!?!?!?


Bem.... ou não!!
Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência



Mais frescas
Dicionário da caserna.
Acto 1
Tradução (livre) de italiano para português
Cena 1
Perché conservare igual a (obviamente!!): Peixe de conserva!

PS - (daqueles em letras muito pequeninas lidos muito rápido) - Para mais informação consultar a biografia (a autorizada!! aquela em que se revela toda a verdade) de Américo Vespúcio ou contactá-lo ( a ele mesmo!!!) para o seu número (de telemóvel) disponível em qualquer ponto de internet. Poderá também falar com o velhinho Varatojo para esclarecimentos adicionais ou visitar a colecção BerNardo. Informação não sujeita a receita médica (de peixe em conserva!!)

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Pedra, planta e eu

"Dizes-me: tu és mais alguma coisa
Que uma pedra ou uma planta.
Dizes-me: sentes, pensas e sabes
Que pensas e sentes.
Então as pedras escrevem versos?
Então as plantas têm ideias sobre o mundo?

Sim: há diferença.
Mas não é a diferença que encontras;
Porque o ter consciência não me obriga a ter teorias sobre as coisas:
Só me obriga a ser consciente.

Se sou mais que uma pedra ou uma planta? Não sei.
Sou diferente. Não sei o que é mais ou menos.

Ter consciência é mais que ter cor?
Pode ser e pode não ser.
Sei que é diferente apenas.
Ninguém pode provar que é mais que só diferente.

Sei que a pedra é real, e que a planta existe.
Sei isto porque elas existem.
Sei isto porque os meus sentidos mo mostram.

Sei que sou real também.
Sei isto porque os meus sentidos mo mostram,
Embora com menos clareza que me mostram a pedra e a planta.
Não sei mais nada.

Sim, escrevo versos, e a pedra não escreve versos.
Sim, faço ideias sobre o mundo, e a planta nenhumas.
Mas é que as pedras não são poetas, são pedras;
E as plantas são plantas só, e não pensadores.
Tanto posso dizer que sou superior a elas por isto,
Como que sou inferior.
Mas não digo isso: digo da pedra, "é uma pedra",
Digo da planta, "é uma planta",
Digo de mim, "sou eu"
E não digo mais nada. Que mais há a dizer?"

Alberto Caeiro, Poemas Inconjuntos 1913-1915

terça-feira, 1 de maio de 2007

Betty Boop


Por ora, apenas esta. Mais tarde, outras virão ;)

Amanhecer

A cada amanhecer muito de novo nasce. Um novo dia, novas sensações, novas emoções, novos acontecimentos, novas pessoas, novos instantes, novos agora's e novos sentimentos. O momento em que os primeiros raios de sol nascem é aquele em que o ontem se torna passado e é levado para o baú das memórias. Nesse baú estão os muitos ontem(s) que foram suficientemente importantes para não serem esquecidos. De quando em quando, o baú é aberto para atirar fora o que já não tem importância e para recordar momentos idos. Tira-se-lhes o pó, contempla-se a sua imagem, recua-se uns tempos, recorda-se com um sorriso ou uma lágrima e volta a fechar-se até um outro dia em que a mente nos traia ou o coração chame por eles.
Sem que se tenha feito anunciar, cada um dos amanheceres poderá ser (apenas) o dia mais importante de uma vida inteira. Está a amanhecer. Aproxima-se um novo dia. Quiça se apenas mais um ou o melhor de todos eles.
*Cape Cod Morning, Hopper