quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Pétalas de meditação




Num misto de loucura e genialidade, de lucidez e de demência, de amor e de ódio, de racionalidade e de emotividade, as pinceladas de Dalí dão sentido ao mundo, pelo menos ao meu mundo.

Não penso que haja uma tradução para esta pintura. Penso que Dalí a criou com um sentido que só o próprio poderia enunciar. Mas penso também que cada um lhe pode dar o seu sentido único. Porque, aquilo que os nossos olhos vêem é e será sempre o reflexo da nossa existência e da nossa vivência.

Condicionada pelo facto deste ser o meu eleito na vasta obra do pintor, gosto de olhar para ele e ficar a pensar. Pensar em tudo em tudo e em nada enquanto os pensamentos voam e os pés tocam a terra. Esse condicionalismo faz-me ver coisas diferentes a cada dia.

Hoje faz-me ver a beleza grandiosa da amizade, temer as incertezas provocadas pelas certezas das incertezas, misturar o ser com o não dever ser, sentir o amor incomparável de pai e mãe, saber que cada momento é unico e irrepetível, questionar a existência da felicidade e acreditar que as respostas acabam sempre por nos vir buscar. No entanto, a amanhã o olhar pode ser outro. Pode ser aquele que vê as pinceladas ou aquele que as sente, aquele que as ouve ou aquele que as toca.

Quero acreditar que sim.

*Salvador Dalí, Meditative Rose

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