"Um beijo, afinal de contas, o que é?", pergunta Cyrano de Bergerac.
A pergunta é dele, a resposta também é dada por ele.
Por trás daquele que ele considera ser o seu grande defeito esconde-se o verdadeiro (e único) sentido do amor: o incondicional. E o amor dele por Roxane é a manifestação disso mesmo, dessa ausência de condições, desse dar sem limites, desse receber sem limites.
Sim ele é fraco, sim é cobarde quando se nega a sair de trás do seu grande nariz, sim ele é grande, sim ele é inegavelmente maravilhoso e bondoso. Porque, quem ama assim, é capaz de entregar a alma sem a perder. Para quem ama assim, o amor basta.
A resposta é tão tão simples, tão maravilhosa, tão pura e sobretudo tão verdadeira. Os beijos só fazem sentido assim. Só fazem sentido quando são sentidos. E quando são sentidos dessa forma que ele descreve.
Escondido na sombra da noite, Cyrano ganha coragem para dar melodia ao conteúdo das suas cartas. Falta-lhe os olhos nos olhos, mas compensa com o mistério do imaginar. Roxane não o vê, ele não a vê a ela, mas a intensidade de se quererem ver um ao outro dá mais força a cada palavra.
Um beijo....? é tão pura e simplesmente isto.
Sem comentários:
Enviar um comentário